Equipa de investigadores portugueses percebeu que comida saudável reduz em 78% o risco de asma não controlada
Pela primeira vez, um estudo, neste caso de investigadores portugueses, tentou perceber a relação entre uma alimentação saudável, a copiar os hábitos dos nossos antepassados, e as crises de asma, uma doença respiratória que tem crescido nos últimos anos. Os resultados foram impressionantes: adesão à alimentação tradicional mediterrânica mostrou a uma redução de 78% do risco de ter asma não controlada. O trabalho venceu o prémio de nutrição clínica dos Nutrition Awards pelos resultados práticos que pode vir a ter.
Um pouco por todo o mundo, investigadores de vários países tentam perceber a relação que existe entre a obesidade, um problema grave que já foi considerado pelo Organização Mundial de Saúde como uma das mais graves epidemias do século, e o risco de complicações asmáticas. Mas, até agora, ainda ninguém tinha avaliado uma possível relação entre a alimentação tradicional mediterrânica e a redução das crises de asma.
O estudo da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, realizado em colaboração com o Serviço de Imunoalergologia do Hospital de S. João, no Porto, veio agora dar uma luz sobre o assunto. “Uma maior adesão à alimentação mediterrânica estava associada a uma redução de 78% do risco deter asma não controlada”, pode ler-se no resumo do estudo, entretanto publicado em várias revistas internacionais. “Os resultados encontrados apoiam a relevância da intervenção nutricional também na asma, como abordagem complementar ao tratamento farmacológico”, acrescenta ainda o documento.
“Conseguiram ver que os doentes que aumentaram o consumo de fruta e de legumes tiveram resultados mais satisfatórios. O que é preciso é tentar explicar o porquê desta correlação. A asma é uma doença inflamatória. Uma das hipóteses que a equipa levanta é o facto de esta ser uma alimentação muito rica em hortaliças e fruta, que são alimentos muito ricos em antioxidantes que têm um papel muito importante no combate à inflamação”, explica ao DN Alexandra Bento, presidente da Associação Portuguesa dos Nutricionistas.
“Quanto mais coloridas são as frutas e as hortaliças, maior é o poder antioxidante que têm porque esse poder está no pigmento. No vermelho do tomate, no laranja das cenouras, no roxo das amoras e das beringelas ou no verde dos brócolos. São tudo pigmentos muito fortes. É por isso que dizemos que as pessoas devem ter muita cor no prato”, acrescenta a nutricionista. Alexandra Bento destaca a importância prática que esta correlação pode vir a ter no futuro. “Isto traduz-se em algo muito importante para a saúde das pessoas”, refere.
Armas fundamentais para os médicos, tendo em conta que a asma afecta cerca de 150 milhões de pessoas, de todas as idades, no mundo. Em Portugal calcula-se que haja cerca de 600 mil pessoas afectadas: cerca de 11% das crianças e 5% dos adultos. Relativamente à obesidade, mais de metade dos portugueses têm excesso de peso ou sofrem de obesidade.
Fonte: Diário de Notícias