Pesquisador orienta utilização de adubação verde para combater corós rizófagos

Um dos grupos mais importantes e menos conhecidos de pragas-de-solo que podem comprometer a exploração agrícola são os corós rizófagos – larvas de besouros, pertencentes à família Melolonthidae (Coleoptera: Scarabaeoidea), que vivem no solo e se alimentam de raízes causando danos a diversas culturas. Não foram descobertas ainda medidas curativas para essas pragas e, depois que o problema ocorre, a aplicação de inseticidas não é efetiva, alerta o pesquisador da Embrapa Cerrados – Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), localizada em Planaltina (DF), Charles Martins de Oliveira. Os corós comprometem espécies de plantas como, por exemplo, feijão, soja, milho, morango e hortaliças. Talhões seriamente atacados podem apresentar perdas de até 100%.

De acordo com o pesquisador, o agricultor deve adotar ações preventivas para que essas pragas não se instalem nos solos de sua propriedade. Uma dessas principais medidas é a utilização de algumas espécies de adubo verde que atuam produzindo um efeito negativo sob as larvas. “As nossas pesquisas indicam que a crotalária é a mais indicada”, informa. Segundo ele, ao plantar essa leguminosa antes de outras culturas, as larvas já no primeiro estágio se alimentam das raízes da crotalária e morrem.

Os estudos estão atualmente focados no Coró das Hortaliças, que ataca também milho e morango, e no Coró da Soja, que atinge também a mandioca. As pesquisas sobre essa praga começaram na Embrapa Cerrados em 2004. Em novembro do ano passado, foi aprovado projeto que tem como foco o manejo, a bioecologia e biodiversidade dessa praga. Além de estudos sobre a utilização de plantas inseticidas, será objeto da pesquisa, análises da biologia e dos insetos no campo e em laboratório. Será feito ainda um levantamento de quais espécies ocorrem em áreas de Cerrado e em áreas agrícolas.

Ciclo – o inseto adulto aparece nos meses de setembro e outubro de cada ano, assim que começam as primeiras chuvas. É a única fase em que ele sai do solo, sempre no período noturno, para o acasalamento e dispersão. Após o acasalamento, a fêmea coloca os ovos no solo e, depois de 15 a 20 dias, surgem as larvas. A partir daí, elas passam por três fases, sendo que as duas primeiras duram em média 30 dias.

A terceira e última dessas fases, que vai de dezembro ao final do mês de março, é a mais crítica. É nesse período que as larvas consomem mais raízes, causando o amarelecimento, murcha e a morte das plantas. Segundo o pesquisador, os sintomas do ataque são usualmente percebidos em reboleiras. No final de março, essas larvas constroem um casulo de barro e ficam dentro dele até o início das chuvas. Nesse período, os corós passam pela fase da pupa (estágio intermediário entre a larva e o adulto) e, com as chuvas, saem do casulo e iniciam um novo ciclo de ataque.

Um levantamento realizado pela Embrapa Cerrados e parceiros junto aos produtores rurais do Distrito Federal e municípios de seu entorno estimou a importância e extensão dos danos causados por corós rizófagos no Brasil Central. Foram entrevistados 114 produtores do DF e municípios de Goiás e Minas Gerais e dois grupos de produtores foram separados: grupo um (propriedades < 100 ha) e grupo dois (propriedades = 100 ha – variando de 100 a 6 mil ha). Um total de 71% das propriedades pertenciam ao grupo um e, desses, 52% afirmaram que possuíam problemas com corós rizófagos. Já no segundo grupo, 83% disseram que a praga está presente em alguma parcela de suas terras.

Fonte: Embrapa Cerrados