João Lammel, presidente do Conselho Diretor da Andef, acredita no crescimento da economia, mas alerta para fatores que exigem cautela das cadeias produtivas da agricultura
A indústria de defensivos agrícolas no Brasil trabalha com um cenário de recuperação do setor em 2010. A afirmação é de João Sereno Lammel, que acaba de assumir a presidência do Conselho Diretor da Associação Nacional de Defesa Vegetal, ANDEF. Lammel destaca que todas as estimativas apontam o crescimento na economia mundial; ainda mais positivo para o Brasil é o fato de algumas análises indicarem que o PIB nacional deve crescer algo entre 5% e 6%, situando-se acima da média mundial. “A agricultura brasileira, certamente, acompanhará essa perspectiva de alta na economia”, prevê João Lammel.
O dirigente da Andef justifica citando os números recentes divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento. De acordo com a estimativa, o valor bruto da produção agrícola (VBP) para as principais lavouras, em 2010, com base nos dados da safra de novembro, é de alta de 2,3% em relação a 2009. “Se considerarmos que em 2009 o VBP amarga queda de 2,7%, como reflexo da crise mundial iniciada em 2008 e que se prolongou até meados deste ano, consideramos a projeção do Mapa um sinalizador expressivo para 2010”.
O impacto da crise se refletiu, evidentemente, no setor de defensivos agrícolas. “As vendas, em dólar, devem encerrar o ano com retração entre 10% e 15%”, estima o presidente do Conselho Diretor da Andef. “A comercialização no setor foi prejudicada por alguns fatores macroeconômicos; tais como: a crise, que afetou todo o mercado mundial e, no mercado interno, a desvalorização do câmbio, já que produtos importantes da agricultura brasileira são cotados em dólar”. Em 2008, as vendas do setor como um todo, incluindo as empresas que comercializam os produtos genéricos, somaram US$ 7,125 bilhões.
Sinais positivos não eliminam “cautela”
Apesar do cenário de recuperação projetado para 2010, João Lammel sugere, para a agricultura, que se avalie as perspectivas com certa “cautela”. De fato, entre as principais culturas, o algodão se manterá praticamente estagnado e o milho sofrerá redução, de acordo com projeções do MAPA.
De acordo com a avaliação do dirigente da Andef, a cana deve recuperar-se das dificuldades enfrentadas desde 2008, salva em parte pelo preço do açúcar no mercado internacional. A soja registrará aumento mundial dos estoques com elevação da colheita em dois dos grandes países produtores, juntamente com o Brasil. “Nos Estados Unidos, a safra de 2009, apesar dos problemas climáticos, será maior que a do ano anterior; igualmente na Argentina deverá haver aumento de produção na safra 2009-10 em relação a de 2008-09, quando houve grandes perdas devido a uma prolongada estiagem. Ou seja, o aumento mundial dos estoques pode implicar a contenção dos preços pagos ao produtor. Portanto, mesmo com o aumento do Valor Bruto da Produção, não significa, necessariamente, que haverá aumento da renda líquida do agricultor”.
Por outro lado, João Lammel destaca as perspectivas positivas para frutas, legumes e hortaliças. “São alimentos fundamentalmente comercializados no mercado interno, cujas expectativas diante do aumento do PIB nacional e da renda da população se tornam muito favoráveis”. Ele cita, por exemplo, os aumentos projetados pelo Mapa para as culturas da batata, 5%, e do tomate, 35%.
Preços de defensivos favoráveis ao agricultor
É sob o quadro de cautela para 2010 que o dirigente da Andef destaca a importante contribuição dos preços de defensivos agrícolas. Os números confirmam uma queda generalizada nos preços destes produtos, favorecendo a relação de troca do agricultor. O levantamento foi realizado pelo Instituto de Economia Agrícola, IEA, órgão vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado de S. Paulo, com apoio da Andef e do Sindag, sindicato que reúne as indústrias do setor. Os resultados podem ser estendidos às outras regiões agrícolas do país, já que o estado de São Paulo responde por aproximadamente 20%, de todo o consumo de defensivos agrícolas do país.
Os principais defensivos agrícolas comercializados, em sua maioria, 86,6%, apresentaram decréscimo nos preços correntes em outubro de 2009, quando comparado com agosto de 2009. De um total de 134 produtos pesquisados, em valores correntes, 116 produtos registraram queda nos preços, 17 tiveram aumento e 1 ficou estável. “Relação de troca é o quociente entre o preço pago pelo agricultor pela chamada cesta de defensivos e o preço recebido pela cultura. Portanto, quanto menor essa relação, maior será o poder de compra do produtor”. As cestas de defensivos, em outubro de 2009, registraram decréscimo nos preços correntes (entre 0,3% e 18,9%), em relação a outubro de 2008. “Tivemos quedas expressivas de preços de produtos para culturas importantes, exemplos da soja, que retraíram 6,3%; do milho, 9,3%; e da laranja 17,5%.” As informações são de assessoria de imprensa.
Fonte: Agrolink