O professor doutor, aposentado da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Marco Antônio Rezende Alvarenga, ministrou a apresentação “Fatores de sucesso na produção de tomate de mesa relacionados ao manejo da cultura”, no 5º Seminário Nacional de Tomate de Mesa. A palestra teve como objetivo destacar a importância do acompanhamento e controle de todos os processos envolvidos durante o manejo da plantação, para obter os melhores resultados possíveis na hora da colheita. Alvarenga afirmou que “manter o equilíbrio entre todos os nutrientes aplicados é fundamental para o sucesso do cultivo e enfatizou que é sempre melhor trabalhar com uma pequena deficiência, do que com o excesso neste caso”. Quanto à irrigação, o professor apontou diversos tipos de controle que devem ser realizados – como tensão da água, índice de evapotranspiração, entre outros – para saber quando e o quanto irrigar, monitoramentos estes que pouquíssimos produtores realizam a campo. Ele destacou ainda que “a análise da água deve ser sempre preliminar ao projeto, pois a qualidade do recurso é um fator limitante para o sucesso da plantação”. Por fim, Alvarenga deu dicas para a hora da escolha de híbridos. Veja abaixo.
Deve-se verificar:
– Mercado: grupo ou formato do fruto
– Produtividade e tamanho
– Nível de resistência a doenças e pragas
– Preço da semente
Deve-se considerar ainda:
Outro ponto importante a ser considerado na hora do cultivo do tomate é o combate às ameaças naturais no campo. Na palestra sobre “Manejo de plantas daninhas na produção de tomate de mesa”, Sidnei Douglas Cavalieri, engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Algodão, Núcleo do Cerrado, abordou os diferentes tipos de plantas daninhas que interferem no cultivo de tomate, dentre as quais destacou a maria-pretinha, considerada uma das espécies mais agressivas em competição com o tomateiro. “Para cada maria-pretinha presente na plantação, precisamos ter cinco tomateiros para conseguir competir com ela em vantagem”, disse. Cavalieri também falou sobre as pesquisas que vem sendo realizadas no setor com a finalidade de obter herbicidas mais eficientes e designá-los corretamente – em termos de perfil e quantidade – para a aplicação na lavoura. Contudo, o pesquisador alerta que para evitar que a planta crie resistência ao herbicida “é importante aplicá-lo no momento certo do desenvolvimento da planta e na época recomendada, com a finalidade de que o controle tenha sucesso”.
Mais um motivo de preocupação para os produtores, com relação às ameaças naturais na plantação é uma nova praga que acaba de chegar oficialmente ao Brasil: a helicoverpa armigera, uma lagarta que atua de forma bastante agressiva nas lavouras de forma geral, incluindo as de tomate. Foi sobre este assunto que a professora da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Cecília Czepak, ministrou a palestra: “Helicoverpa armigera pode ser uma ameaça à tomaticultura”, na qual foram apresentados os resultados de sua pesquisa e observações empíricas a campo.
Cecília contou que a lagarta foi identificada inicialmente em países da Europa, Ásia, África e China, sendo agora vista também no Brasil e em demais países da América do Sul, como Argentina e Paraguai. De acordo com a pesquisadora, a lagarta é difícil de ser identificada, pois sua formologia é bastante parecida com as demais lagartas, sendo que esta nova espécie pode se deslocar por uma distância de até mil quilômetros a cada dois a três dias e se hospedar em mais de 180 espécies vegetais. “No caso do tomate, a praga faz do fruto a casa dela e enquanto houver polpa ela fica lá dentro se alimentando”, explicou Cecília. A lagarta tem forte associação à parte reprodutiva da planta, mas é possível se reproduzir na parte vegetativa também, o que acontece de forma muito rápida: cada lagarta pode colocar até 1.500 ovos por vida, com uma média de 400 ovos em um único dia.
A pesquisadora indicou, porém, uma característica a favor dos produtores para combate à praga: “o ponto positivo é que como a lagarta permanece exposta na planta e/ou no fruto, inclusive durante o dia, ela fica muito mais vulnerável às medidas de controle”. Mas, de acordo com ela, para a efetividade das ações de controle é preciso realizar um manejo integrado, com conscientização entre os produtores locais e a organização de uma ação conjunta, para evitar que a praga se espalhe de uma propriedade para outra. Outra medida importante, segundo Cecília, é não deixar restos de alimentos no solo para não servirem de atrativo e evitar também a aplicação calendarizada de defensivos agrícolas, pois é preciso uma estratégia mais específica de atuação para combatê-la. “Armadilhas luminosas e com feromônios podem ajudar, mas também estamos pesquisando e analisando outras alternativas de combate, como os inimigos naturais, por exemplo: aranhas, podísus, alguns vírus e parasitoides”, explica. Entretanto, a pesquisadora alertou para que os produtores não façam uso de defensivos agrícolas não autorizados no país, que estão sendo trazidos ao Brasil via contrabando, como uma alternativa errônea de combate a esta praga. “Isto é um risco para a saúde, pois pode comprometer a segurança dos alimentos que colocamos em nossas mesas, além de afetar a fauna do nosso país, pois tais substâncias estão matando muitos animais no Cerrado brasileiro”, revelou.