Sanidade e Patologia

Confira, abaixo, a palestra ministrada sobre o tema Sanidade e Patologia, durante o II Workshop sobre Tecnologia de Sementes da ABCSEM.


Sanidade e Patologia de Sementes de Hortaliças (José Otávio Machado Menten, Esalq)

José Otávio Machado Menten, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz (Esalq/USP), palestrou sobre “Sanidade e Patologia de Sementes de Hortaliças” e destacou a importância na área de Patologia na moderna produção de sementes, salientando que a “sanidade de sementes ainda é muito negligenciada, havendo a necessidade ainda de mão de obra qualificada”. De acordo com ele, a patologia busca estudar a relação entre microorganismos e sementes, sob os seguintes aspectos: estudo e levantamento de patógenos associados; dinâmica e mecanismo de transmissão; desenvolvimento de métodos de detecção e controle dos patógenos; estabelecimento de tolerância para os níveis de sanidade; estudo de causas; e controle de deterioração de sementes em armazenamento.

A patologia de sementes tem como objetivos a produção e comercialização de sementes com qualidade sanitária, por meio de sistemas de certificação, com a finalidade de evitar a introdução e disseminação de patógenos, através da quarentena. Caso contrário, os prejuízos na produção podem ser inúmeros, tais como: redução do estande; debilitação de plantas; veículo do inoculo inicial da doença; introdução de novos patógenos em áreas isentas; alterações visuais das sementes; contaminação de equipamentos; aumento do custo para o combate às doenças; e redução da qualidade fisiológica (germinação e vigor).

O professor observou apenas que há uma diferença entre a transmissão e o transporte de patógenos, já que nem todo patógeno transportando é transmitido. Contudo, segundo ele, embora existam outros agentes de disseminação de patógenos – como água, vento, animais e máquinas -, a disseminação via semente é a forma mais eficiente de transmissão, pois independe da distância para acontecer. O patógeno fica viável por mais tempo e a patogenicidade permanece inalterada, além de possuir maior possibilidade de infecção, que ocorre de forma precoce. Vale ressaltar que “a infecção por patógenos é caracterizada quando este está localizado internamente na semente. Já a contaminação ocorre quando ele está localizado externamente à semente. Por fim, nos casos em que o patógeno apenas acompanha o lote da semente, caracteriza-se como contaminação concomitante”, explicou Menten.

De acordo com o especialista, a localização dos patógenos permite a escolha da melhor forma de detecção, controle e métodos de análises. O controle de patógenos pode ser feito por meio do manejo da cultura e do tratamento de sementes físico (termoterapia), químico ou biológico e regulando as condições de armazenamento (umidade, temperatura, etc.). “Cabe destacar que a certificação de sementes estabelece padrões de tolerância por meio de testes de campo e de sanidade”. Já os métodos de análise de sanidade das sementes devem atender a requisitos básicos, como: sensibilidade; reprodutibilidade; economicidade; rapidez e resultado; equipamentos e materiais específicos. “A partir da definição dos patógenos (alvos) em cada cultura, é possível traçar uma análise de risco, identificando as pragas quarentenárias, as pragas não quarentenárias regulamentadas e, então, definir os melhores métodos”. Segundo o professor da Esalq, os métodos de análises podem ser agrupados em cinco grupos: exame da semente não incubada; exame da semente após incubação (principal grupo usado no brasil para detecção de patógenos); testes biológicos, bioquímicos ou biofísicos; inspeção da planta após o estágio inicial de crescimento; e combinação de métodos.