Por Aline Bianchini
Feira realizada na Capital abre espaço para produtos orgânicos, artesanatos e vestuárioImpulsionada por políticas públicas e ações de inserção no mercado, a agricultura familiar vive um novo momento. Mais mecanizada e profissionalizada, é responsável por cerca de 70% da mão de obra no meio rural.
Esta nova faceta é mostrada na 7ª edição da Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária – o Brasil Rural Contemporâneo –, que tem início hoje e se estende até domingo, em Porto Alegre.
No Brasil, conforme o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), 4,3 milhões de propriedades agrícolas familiares são responsáveis por 70% da produção de feijão e 34% do arroz – alimentos básicos da dieta dos brasileiros. No Rio Grande do Sul, os números também são significativos: 378,5 mil unidades familiares são responsáveis pela atividade de 81% dos trabalhadores rurais.
– Em 10 anos, mais de 200 mil estabelecimentos surgiram no meio rural. Os quase 13 milhões de trabalhadores constituem a maior categoria produtiva do país. O governo viu na agricultura familiar uma grande oportunidade – diz Arnoldo de Campos, da Secretaria de Agricultura Familiar do MDA.
A questão da agricultura familiar vem sendo utilizada de forma inteligente pelo ministério, na opinião de Sérgio Schneider, professor do programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para o acadêmico, esses empreendimentos, apesar de mais mecanizados e profissionalizados, não sofreram modificações profundas, apenas estão recebendo mais atenção e divulgação:
– Apesar da nossa população ser 85% urbana, a memória dela ainda é rural. O MDA percebeu a possibilidade de aproximar afetivamente as pessoas da produção agrícola familiar e, assim, abrir espaço para o pequeno produtor em um mercado ocupado apenas por grandes varejistas.
A Cooperativa Regional de Agricultores Familiares Ecologistas (Ecovale) de Santa Cruz do Sul, que estreia no evento, acredita neste tipo de iniciativa e leva para a feira 2,4 mil quilos de arroz e 500 quilos de erva-mate, além de mel e bolachas.
Dentre as políticas públicas que impulsionam o setor, destaca-se o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) que injetou, de 1998 a 2008, mais de R$ 9,6 bilhões no Rio Grande do Sul.
Fonte: Jornal Zero Hora