Mesmo com intensa industrialização, Sul depende dos negócios gerados no campo
Por José Maria Tomazela
A posição no ranking nacional revela grande equilíbrio da economia nesses Estados. O Sul vive intenso processo de industrialização, mas grande parte da economia regional ainda depende dos negócios gerados no campo.
A produção da agricultura, da pecuária e das florestas quase não chega ao consumidor como produto primário. Passa, antes, por um intenso processo de agregação de valor pela indústria de transformação e da agroindústria, além de um bem estruturado modelo de conversão de proteína vegetal em produtos de origem animal. Considerada toda a cadeia gerada pelos produtos, o agronegócio representa quase 50% do PIB regional.
Destaques
O Rio Grande do Sul detém 8,8% do PIB nacional e grande parte de sua economia é baseada na agricultura de grãos – soja, trigo, arroz e milho -, na produção de fumo, na pecuária e na indústria de transformação de produtos do campo. O Estado se destaca em alimentos, fibras têxteis naturais, madeira e couro. Na última safra, bateu recorde na colheita de grãos, com 24,4 milhões de toneladas. A soja atingiu o maior volume individual, com 10 milhões de toneladas. A safra do arroz atingiu 8 milhões de toneladas – o Estado detém 63% da produção nacional.
Outro destaque é o trigo: junto com o Paraná, o Estado produziu 86,4% do cereal no Brasil. O Rio Grande do Sul é também o principal produtor de vinhos finos no País e a produção de fumo continua a ser uma atividade relevante no Estado e no País.
O Paraná responde por 6% da riqueza produzida no Brasil. Na safra 2009/10, o Estado reassumiu o primeiro lugar na produção agrícola nacional, com 31,4 milhões de toneladas, ultrapassando Mato Grosso. Apenas a soja respondeu por 14 milhões de toneladas. O Estado manteve a posição de maior produtor nacional de milho, com 12,6 milhões de toneladas. Lidera, ainda, na produção de feijão. A participação direta da agricultura no PIB paranaense subiu de 15% em 2007 para 18,5% no ano passado.
O desempenho deve-se, sobretudo, à retomada na produção de soja e trigo e à expansão das áreas de cultivo da cana-de-açúcar. Na temporada 2009/10, o Paraná perdeu a posição de segundo maior processador de cana do Centro-Sul para Minas Gerais, mas pode recuperar a posição na safra atual, com previsão de moagem de 51 milhões de toneladas. A última safra foi prejudicada pelo excesso de chuvas.
Santa Catarina é o maior exportador de frango e de carne suína do Brasil. No ano passado, as duas principais empresas do setor no País, a Sadia e a Perdigão, se juntaram, formando a BR Foods, uma das maiores empresas de alimentos do mundo. As exportações de carne de frango somaram 3,63 milhões de toneladas em 2009, com receita de US$ 5,8 bilhões. Este ano, reduzidos os efeitos da crise global, o setor voltou a crescer, com aumento previsto de 5% no volume de exportação e de até 10% na receita.
Nos primeiros meses deste ano, o Estado absorveu 30% dos pintinhos alojados nos aviários para serem transformados em frangos, mas vem sendo seguido de perto pelo Paraná, que ficou com outros 25%. A migração da atividade decorre da maior disponibilidade de soja e milho, principais insumos da avicultura, em território paranaense.
Fonte: O Estado de S. Paulo