Alimentos regionais mostram potencial para produção em larga escala

Embrapa e alguns produtores apostam no mercado de hortaliças

Por Letícia de Oliveira

É tempo de viajar e descobrir novos sabores! No Norte, o peixe temperado com chicória do Pará. No interior do Nordeste, o popular mingau de araruta. E, se o destino for a Europa, que tal provar um delicioso chá de hibiscus?
 
Mas não é preciso sair do país para experimentar essa iguaria. A matéria prima é produzida aqui mesmo, no Brasil. E com um nome bem menos glamuroso: vinagreira. Uma das várias hortaliças não cultivadas em larga escala, mas que têm um mercado promissor.
 
A horta do Centro de Pesquisa de Hortaliças da Embrapa mais parece um jardim. Quem diria que uma planta, de folhagem vistosa, é uma hortaliça? Refogada, a folha da taioba é tão saborosa quanto a couve. Outra é a vinagreira, mas não tem a ver com vinagre. Ela serve para fazer suco de groselha ou mesmo o chá de hibiscus. Tem também a ora-pro-nobis e a chicória do Pará, espécies pouco conhecidas e que estão sendo resgatadas pelo cultivo fácil e de baixo custo para o agricultor.
 
– São materiais adaptados a inclusive cultivo orgânico, independente de insumos externos, e ele tem, com baixo custo, uma produção e um produto diferenciado para colocar no mercado – explica o pesquisador da Embrapa Nuno Madeira.
 
O produtor rural Marco Aurélio está de olho nesse mercado. Há seis meses, ele cultiva a araruta, uma raiz semelhante à mandioca e que pode ser produzida junto com o milho ou o feijão.
 
– É um produto extremamente natural, custo baixo para o produtor, e que eu acho que merece ser ressuscitado, de uma certa forma, porque foi deixado de lado – diz.
 
Aurélio, além de cultivar a araruta, já investiu neste prédio – onde ele trabalha com frutas desidratadas – para produzir, também, o polvilho a partir da planta. Um produto que já tem mercado garantido.
 
– Ela tem a característica de não conter glúten no seu polvilho, então ela é bastante procurada e a produção não atende a procura. No mercado, a gente encontra o pacotinho de 200 gramas a R$ 5, R$ 6 o pacote. Tem mercado inclusive para exportação – conta o pesquisador Nuno Madeira.
 
Hoje as mudas são multiplicadas em Minas Gerais, mas o projeto deve ser estendido para outras regiões em 2010.
 
– Nós vamos apresentar até meados do ano que vem, março, abril, talvez, mais um projeto em paralelo a esses que já estão ocorrendo para tentar ampliar para São Paulo, Rio de Janeiro, pro Sul e pro Nordeste – antecipa Madeira. Uma forma rentável de não deixar desaparecer os produtos e a culinária regional do país.

*Centro de Pesquisa de Hortaliças da Embrapa – telefone: (61) 3385-9000.

Fonte: Canal Rural