Apesar da prevalência dos doces, fruta é a sobremesa favorita dos brasileiros

Veja quais são as sobremesas favoritas do brasileiro 
Por Lilian Ferreira

A sobremesa está presente nas refeições de 60% dos brasileiros. Apesar de a maioria das ofertas ser de doces como chocolates, sorvetes e gelatinas, a escolha número 1 é a fruta. Estes dados foram apresentados nesta quarta-feira (15), pela Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

A fruta é a sobremesa mais consumida no Ceará, Distrito Federal, Santa Catarina e São Paulo e lidera o ranking nacional com 26% da preferência. Em seguida, vêm o chocolate, com 13%, e a gelatina, com 10%.

Em Goiás e Minas Gerais, o doce de leite foi o campeão. Já o Rio de Janeiro foi o único Estado pesquisado que não elegeu a fruta entre as três sobremesas favoritas. A primeira foi o pudim, a segunda, o doce de leite e a terceira, a torta doce. “Todas as opção do Rio são de doces com alto índice glicêmico. É importante ainda o fato de que o Rio é o Estado que concentra mais pessoas com sobrepeso no país”, lembra o presidente da Abran, Durval Ribas Filho.

Mais de 66% das sobremesas consumidas em todo o país apresentam grande quantidade de açúcares refinados. “Isto é perigoso, pois estes doces têm alto índice glicêmico, o que gera hiperglicemia, um dos principais fatores para risco de doenças cardiovasculares”, destaca Ribas Filho.

Exatamente por associar sobremesa a doces muito calóricos, 30% das pessoas disseram que ela devia ser evitada e outros 48% acreditam que ela pode ser ingerida, mas de preferência após as refeições.

Como deve ser a sobremesa?

O nutrólogo afirma que uma dieta prudente deve conter cinco porções de frutas e verduras por dia. Assim, é recomendável comê-las na sobremesa após o almoço e o jantar, por exemplo. Mas se você quiser mesmo saborear um doce com bastante açúcar refinado, prefira fazê-lo realmente após uma refeição balanceada, com pouco carboidrato simples, do que entre refeições. E claro, sempre respeitando a quantidade de calorias que deve ser consumida por dia.

“Comer um doce com alto índice glicêmico após um almoço de macarrão sem molho de queijo, por exemplo, não é indicado porque a massa também leva à hiperglicemia. Já carnes e derivados de leite ajudam a balancear os níveis de açúcar ingeridos”, explica o médico.

Outra dica para não sobrecarregar seu corpo com insulina, que é liberada para combater o excesso de glicose no sangue, é preparar a goiabada ou o doce de leite com um pedaço de queijo. Banana com canela assada no forno também é uma ótima pedida já que é uma fruta e a canela ajuda a baixar os níveis de glicose.

Ribas Filho explica que estudos comprovam que a alta quantidade de insulina produzida durante os picos de hiperglicemia favorece o aparecimento de doenças cardiovasculares. “Além disso, há um ‘pool’ de insulina que o corpo consegue produzir. Se faz muito agora, acabará faltando lá na frente, quando a pessoa for mais velha. Daí vemos os grandes números de idosos com diabetes”.

O café (sem açúcar), chocolate amargo (com mais de 60% de cacau) e o vinho também são grandes aliados na hora de comer um doce. Em pesquisa publicada neste mês no American Journal of Clinical Nutrition, o consumo moderado desses alimentos (de 0 a 4 xícaras de café por dia e de 0 a 14 drinks por semana) diminui o risco de desenvolver diabetes tipo 2. Isso é porque eles diminuem a hiperglicemia e consequentemente a liberação de insulina.

“A sobremesa pode ser vilã ou heroína, depende de como você a consome. Se for acompanhada de um capuccino com chocolate com mais de 60% de cacau e sem açúcar é ótimo para isolar o alto índice glicêmico e o chocolate ainda tem polifenóis, que são vasos dilatadores e ajudam a combater a hipertensão”, conclui o médico.

A pesquisa foi realizada com 2.700 pessoas (sendo 56% mulheres) de 14 Estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

Satisfação com o corpo

A pesquisa também indicou que a satisfação com o peso corporal aumenta quanto mais se diminui o consumo de sobremesas. Apesar disso, menos de 40% daqueles que disseram querer perder peso não tomam sobremesa.

Os mais velhos também estão mais felizes com o peso (62% de 71 a 80 anos e 54% de 61 a 70 anos versus 47% de 18 a 30 anos e 44% de 31 a 40 anos). E como já era de se esperar, os homens estão mais satisfeitos com o corpo do que as mulheres. Deles, 60% estão satisfeitos, 33% querem emagrecer e 7% querem ganhar peso. Já entre elas a insatisfação é de 56,4% (52,4% querem perder e 4% ganhar). 

Fonte: UOL Ciência e Saúde