BNDES prevê que investimento vai crescer até 10% em 2010

Depois da paralisação por conta da crise financeira internacional, os investimentos devem crescer em um ritmo mais acelerado do que se projeta no próximo ano. Essa é a expectativa do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. “Em 2009 o Brasil não tem condições de cumprir a meta da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), mas para 2010 esperamos não somente cumprir as projeções como ultrapassá-las. A expectativa está baixa, é claro que temos um trabalho muito grande. Quero trabalhar com um crescimento de 10%, ao invés, dos 6% estipulados. Se o Brasil tiver um Produto Interno Bruto de 5% o investimento precisa crescer uma velocidade duas vezes maior”, argumentou Coutinho.

O PDP foi divulgado pelo governo em 2008, em conjunto com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e estabelecia quatro metas para o desenvolvimento do sistema produtivo do País. Uma delas estabelecia que o nível de investimentos no País saísse dos 17,6% do PIB em 2007 para 21,3% em 2010. Nesse período, seria necessário um crescimento anual de 11,3% nos níveis de investimentos feitos pelos setores público e privado. Mas já há um consenso de que essa meta não será atingida.

“Tínhamos consciência de que teríamos a crise mundial quando divulgamos as metas da PDP, no entanto, não sabíamos que o efeito econômico seria tão violento como foi, principalmente com a contração dos financiamentos, do crédito disponível e da queda no comércio exterior”, frisou. Coutinho ressaltou ainda que é necessária uma reavaliação das metas para o PDP, de forma a adequar os números ao cenário pós-crise.

Para José Ricardo Roriz Coelho, diretor titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp (Decomtec), muitas das projeções que haviam sido realizadas antes da crise, ficaram comprometidas pela deterioração das condições econômicas causadas pela crise. “Por isso, a Federação consultou 16 setores industriais brasileiros e refez as metas de investimento fixo, elevação do gasto privado em Pesquisa e Desenvolvimento, ampliação das exportações e dinamização das Micro e Pequenas empresas brasileiras para a realização das macrometas da PDP.

O representante do BNDES acrescentou que o próximo desafio do País é obter uma performance melhor nos números do PDP. “Temos que minimizar as perdas em 2009 e para 2010 a meta é obtermos um patamar mais alto de capital fixo. Chegamos no momento de fortalecer os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e tecnologia. É agora, uma vez que a deterioração do setor privado passou.”

Quando questionado sobre a prorrogação dos juros subsidiados no programa de Financiamento de Máquinas e Equipamentos (Finame), o presidente do BNDES ressaltou que muitos pedidos chegaram às suas mãos, mas que ainda está indefinida a decisão. “Não foi cogitado ou estudado ainda um meio de prorrogação, os incentivos até o momento serão concluídos no final de dezembro de 2009”, afirmou. Atualmente, o programa cobra juros subsidiados de 4,5% ao ano.

Pequenas empresas

O presidente do BNDES espera ainda que os bancos privados auxiliem o BNDES na ampliação de oferta de crédito para micro e pequenas empresas. “Estamos dialogando com o setor bancário para iniciar a operacionalização do nosso fundo garantidor de crédito para pequenas empresas. Temos uma expectativa enorme de que ele possa destravar o acesso ao crédito do BNDES para pequenas empresas”, explicou.

Segundo Coutinho já foi feito um avanço muito grande no crédito destinado a MPEs, com uma expansão de quase 200% do cartão BNDES, que atinge mais de 200 mil micro e pequenas empresas. “Nós queremos que o fundo possa permitir mais acesso e custos mais baixos do crédito. Tenho pessoalmente me empenhado para a adesão por parte do sistema bancário”, relatou.

Para ele, a aceitação é boa dos bancos privados. “Agora precisamos dar um passo na concretização, o fundo precisa operacionalizar. Espero que isso esteja em prática até o final deste mês”, disse. Coutinho acrescentou que o fundo tem o montante de R$ 4 bilhões e pode garantir e alavancar pelo menos dez vezes, ou seja, R$ 40 bilhões em crédito para pequenas empresas, somente com o BNDES, sem contar o fundo administrado pelo Banco do Brasil.

Coutinho completou ao dizer que as MPEs não podem ficar restritas a uma única fonte de empréstimos, e tem que agarrar a oportunidade do setor de petróleo e gás para produzir máquinas, serviços e conteúdo, com isso ganhar espaço no mercado.

“O sistema privado pode usar IPO como mecanismo adicional para fortalecimento das empresas. Precisamos de ambições mais significativas para elevar a competitividade do País, ao adotar mudanças de mentalidade, processos de qualidade, eficiência, produtividade. Sempre é possível fazer mais.”

Fonte: DCI