Brasileiros devem incluir mais frutas e hortaliças no prato

No prato ideal da maioria dos brasileiros, certamente terão lugar cativo o bom e velho arroz com feijão, um bife acebolado e umas batatas fritas para acompanhar. Generalizações à parte, é incontestável que as hortaliças e frutas passam ao largo desses cardápios ideais, só entrando na alimentação diária do brasileiro por sugestão ou mesmo imposição. As causas desse afastamento podem ser resumidas, segundo a nutricionista da Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FASE) Brigitte Olichon, em uma constatação: “Vivemos numa cultura do prazer”.

Desde que nascemos, somos habituados a dietas recheadas de alimentos saborosos e pouco nutritivos, que condicionam desde muito cedo nossas escolhas à mesa. Assim, transmitimos os maus-hábitos alimentares aos nossos filhos, criando uma espécie de círculo vicioso. “Os adultos buscam agradar às crianças oferecendo apenas o que é saboroso, em detrimento da saúde delas, que por sua vez quando adultas também carregarão os mesmos valores distorcidos sobre alimentação”, alerta Brigitte.

Recente pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde mostrou que o consumo regular de frutas e hortaliças, considerando regular a ingestão em cinco ou mais dias da semana, é algo presente na vida de apenas 30,4% da população adulta – sendo 24,3% homens e 35,5% mulheres. “A Organização Mundial da Saúde preconiza consumo de 5 porções diárias (cerca de 400g) desses alimentos para diminuir os riscos de doenças crônicas, incluindo a obesidade. A população em geral não encontra tempo para consumir alimentos aos quais não foi acostumada a saborear”, afirma a nutricionista da FASE.

O tempo, ou a falta dele, é mais um empecilho à alimentação saudável. A oferta maior de alimentos industrializados, práticos e mais adaptados ao ritmo de vida acelerado das grandes cidades é um convite tentador ao comodismo culinário. Além disso, por mais uma construção equivocada, associamos aos alimentos mais gordurosos a ideia de saciedade, enquanto os legumes e frutas não teriam tanta “força” assim em nosso imaginário. “As pessoas mais jovens associam o consumo de carnes gordas a uma melhoria na saciedade. E não construíram o hábito de comer frutas e hortaliças na infância”, analisa Brigitte.

Para superar esse quadro de má alimentação, uma das saídas, aponta a nutricionista da FASE, seria divulgar o que é uma alimentação saudável e, principalmente, adequar as dietas propostas para cada segmento da sociedade, a fim de torná-las aplicáveis a um número maior de pessoas. A educação, conforme destaca Brigitte, também tem importância basilar na construção de hábitos saudáveis. “A escolaridade sempre influencia as escolhas porque abre os horizontes de informação. Todos os estudos apontam para a melhoria do cuidado pessoal e de hábitos saudáveis entre pessoas mais instruídas, inclusive alimentares”, finaliza.
 
Fonte: Saúde & Lazer