Aproximadamente, 50% do volume total do lixo da central são compostos de produtos hortigranjeiros
Por Karla Camila
Laranja, batata inglesa, repolho, pimentão, cebola, banana. A Central de Abastecimento do Estado (Ceasa) comercializa uma variedade imensa de produtos hortigranjeiros, mas muitas dessas frutas e hortaliças vão para o lixo. No ano passado, a Ceasa comercializou 428,7 mil toneladas em produtos. Dessas, 3,9 mil toneladas foram jogadas fora. Apenas em relação aos hortigranjeiros, o desperdício é de quase duas mil toneladas. Ou seja, por dia, são jogadas fora 3,7 toneladas desses alimentos.
Segundo Odálio Girão, analista de mercado da Ceasa, o desperdício acontece por etapas. A primeira é o plantio feito de forma inadequada, em seguida vem o transporte, o descarrego, até chegar à mesa do consumidor. Ele usa o exemplo da laranja, que é transportada a granel em caminhões sem nenhuma proteção. Em cima das frutas, existe apenas uma lona para protegê-las da chuva. Mas, segundo o analista, os vilões do desperdício são os produtos perecíveis, como o repolho, o pimentão e a cebola.
O permissionário José Vieira vende verduras e legumes há 21 anos na Ceasa. Segundo ele, já viraram hábitos limpar os produtos e jogar fora a parte estragada ou amassada. Ele frisa que o fato acaba causando prejuízos para os vendedores.
Diante dessa situação, e da necessidade de modernização dos mercados atacadistas, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou o “Diagnóstico dos Mercados Atacadistas de Hortigranjeiros”, em 62 centrais de abastecimento do País.
A pesquisa apontou que o desperdício e a ampliação das normas sanitárias são os fatores que precisam ser observadas pelas centrais. De acordo com o coordenador do estudo e consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Altivo Cunha, uma das alternativas para enfrentar essas dificuldades é a criação de um acordo de cooperação entre instituições nacionais e estrangeiras para o intercâmbio de informações técnicas. Segundo ele, a parceria seria importante para avaliar, entre outros, práticas ambientais.
Solidariedade
Mas o que é lixo para a Central de Abastecimento vira, em parte, alimento para catadores de lixo e insumos para o restaurante popular do Serviço Social do Comércio (Sesc).
Fonte: Diário do Nordeste