Cebola aumenta 58% e puxa alta de preços na Ceasa

Com a entressafra em Pernambuco, foi preciso trazer o item da região Sul do País, aumentando o custo do frete

Crescimento na demanda, diversificação da produção e alto custo do frete são fatores que impactam diretamente nos preços das frutas e hortaliças comercializadas na Ceasa-CE (Centrais de Abastecimento do Ceará S/A). No último mês de julho, o principal reflexo dessa relação foi a disparada da cebola branca, que aumentou 58% face ao valor praticado no mesmo período do ano passado. Entre as frutas, a maior alta verificada no comparativo anual foi protagonizada pela goiaba, cujo preço foi majorado em 44,8%.

Dados da Ceasa indicam que o preço do quilo da goiaba saltou de R$ 1,78 (julho/2009) para R$ 2,57 (julho/2010). De acordo com Odálio Girão, chefe da Unidade de Informação de Mercado Agrícola da Ceasa, o motivo foi a demanda bem superior à oferta. “O consumo desse produto vem crescendo a cada ano. Fortaleza é hoje a capital que mais consome goiaba no país. A fruta saiu da 16ª posição no ranking das preferências passando a ocupar o 6º lugar. Enquanto a produção no Vale do São Francisco se manteve no mesmo patamar”, justifica.

A segunda maior elevação (27,5%) dentre as frutas ocorreu com o mamão Hawai, que passou de R$ 1,67 para R$ 2,13 o quilo. O aumento é reflexo do custo do frete e da oferta reduzida. “Cerca de 80% do produto veio da Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia – mercados amplos que abastecem todo o Nordeste. Com a redução da oferta no Ceará, onde a produção não conseguiu se recuperar desde as fortes chuvas de 2008, tivemos que buscar a fruta fora do Estado”, declara.

Aumento no comparativo anual também ocorreu com a uva, o abacaxi e o coco verde. A caixa de 20 kg da uva Itália aumentou de R$ 53,85 em julho/2009 para R$ 66,75 em julho/2010, revelando incremento no custo de 24%, que se deve a redução da colheita no Vale do São Francisco. No mesmo período o cento do abacaxi saltou de R$ 180,00 para R$ 218,00, resultado da entressafra dos principais produtores (RN e PB) e da consequente aquisição em mercados mais distantes, como Tocantins, Maranhão e Pará. Já o coco verde teve o cento elevado de R$ 52,50 para R$ 64,00, com alta de 21,9%, devido a intensa procura na alta estação.

Retrações

Entre as frutas, a principal retração no comparativo anual ocorreu com o melão amarelo, que registrou queda de 57%, baixando de R$ 2,60 para R$ 1,10 o quilo. O melão japonês veio em seguida com baixa de 45,2%, resultante do declínio no preço do quilo de R$ 2,65 para R$ 1,45. O valor da melancia caiu de R$ R$ 0,71 para R$ 0,42, correspondendo a um declínio de 40,4%.

Segundo Girão, “a produção excedente do melão amarelo nas regiões do Baixo Jaguaribe e Baixo Acaraú tornaram a oferta superior à demanda, reduzindo vertiginosamente o preço do produto no mercado”. Quanto ao melão japonês, além da produção adicional nessas regiões, houve ainda aumento na produção oriunda de Maranguape e Guaiuba. O mesmo ocorreu com a melancia, que extrapolou a demanda do mercado local.

Hortaliças

A cebola pera foi o carro-chefe do encarecimento das hortaliças, com alta de 58% na comparação entre julho de 2010 e julho de 2009. Com a entressafra do produto em Pernambuco, foi preciso trazer a cebola da região Sul do País, aumentando o custo do frete. Por ser o tipo de cebola mais procurada pela população, o preço da saca de 20 kg saltou de R$ 22,60 para R$ 35,70. Embora menos demandada, a cebola roxa experimentou no mesmo período alta de 33%. A saca de 20 kg passou de R$ 27,45 para R$ 36,50.

Já a queda nos preços das hortaliças, por sua vez, foi puxada pelo repolho híbrido – mais consumido pela população. O saco de 20 kg do produto despencou de R$ 15,55 para R$ 6,95 – com retração de 55,3%. O motivo, segundo Odálio Girão, foi a forte produção das regiões da Ibiapaba e de Baturité, acrescidos de carradas mistas de hortaliças provenientes de outros mercados.

FRUTAS

Mudança de colheita faz uva itália subir de valor

No comparativo mensal, entre os meses de julho e junho do corrente ano, o destaque na alta de preços das frutas foi a uva Itália, que aumentou 31,1% em apenas um mês. O valor da caixa com 20 quilos do produto aumentou de R$ 50,75 para R$ 66,75. Segundo o chefe da Unidade de Informação de Mercado Agrícola da Ceasa, Odálio Girão, o incremento está relacionado ao período de mudança de colheita no Vale do São Francisco, em Pernambuco. “Com isso a região enviou o produto em menor escala para o Ceará, aumentando os preços em julho. A tendência a partir de agosto, quando começa a nova colheita, é que o preço da uva Itália volte a cair”, estima.

A graviola, com alta de 12%, ficou em segundo lugar. O preço do quilo passou de R$ 3,50 para R$ 3,92, entre junho e julho últimos. “Apesar de ser um produto sofisticado, essa é uma fruta muito disputada pelo mercado de sorvetes e de sucos na alta estação”, justifica Girão.

Quanto às hortaliças, a única alta verificado foi do chuchu, que teve o cento aumentado de R$ 16,85 para R$ 25,50 revelando aumento de 51,3%, também em resposta a lei de mercado.

Quedas

A campeã de preço baixo foi a couve flor, com declínio de 60,9% entre junho e julho, resultado da retração na caixa de 10 kg, de R$ 24,96 para R$ 9,75. Também despencaram os preços do repolho (-56,8%), do tomate (-54,5%) e do pimentão (-36,1%). “Além da supersafra que houve no Ceará, principalmente de tomate e pimentão, esses produtos foram adquiridos de outros mercados produtores no meio de carradas diversificadas”, explica Odálio Girão.

Com preços em queda de junho a julho se destacam o melão amarelo (-26,2%), a melancia (-22,2%), o melão japonês (-22%) e o mamão formosa. Os valores do quilo desses produtos no atacado baixaram respectivamente de R$ 1,49 para R$ 1,10; de R$ 0,54 para R$ 0,42; de R$ 1,86 para R$ 1,45; e de R$ 0,66 para R$ 0,49.

Fonte: Diário do Nordeste