Desde o uso para segurança até simples ornamentação, há plantas para todos os gostos, espaços e climas
Por Fernanda Yoneya
Segurança, privacidade, ornamentação, delimitação de espaços, redução de ruídos e poluição, quebra-vento. São várias as finalidades de uma cerca-viva e é conforme sua função que se escolhe a espécie mais apropriada. As opções são inúmeras. “Não existe árvore perfeita. Às vezes me perguntam se conheço alguma árvore que dê boa sombra, não estoure a calçada e que as folhas não caiam. Isso não existe”, diz o técnico agrícola Emílson José Rabelo, de Araraquara (SP).
Plantas de grande porte, como eucalipto, grevílea, pinus, flamboyant-de-jardim, ligustro-brilhante, além de delimitarem áreas, são bons quebra-ventos. Mas é necessário avaliar se o tamanho e tipo do terreno comportam tais árvores. Já as de médio porte – sansão-do-campo, maricá, jambolão, fícus, iúca, hibisco, murta e cedrinho – protegem, podem ter papel de quebra-vento e ainda efeito decorativo. A recomendação é conhecer as características de cada planta.
O fícus, por exemplo, tem raízes agressivas e aéreo e nunca deve ser plantado em locais nos quais as raízes possam prejudicar pisos, paredes e outras estruturas.
O sansão-do-campo é outra planta que exige cautela. De grande porte e crescimento rápido – segundo o produtor de mudas e sementes João Silva Oliveira, de Tatuí (SP), a planta atinge 2 metros em um ano -, deve ser plantado sozinho e precisa ser constantemente podado. Além disso, o fato de ter espinhos não o torna indicado para cercar uma área onde haja animais. A cerca-viva também pode ser composta por duas espécies. Pode ser iúca com grevílea – a iúca “fecha” a área e a grevílea atua como quebra-vento -; sansão-do-campo com primavera – o sansão isola a área e a primavera, colorida, tem efeito estético -, entre outras combinações, diz o viveirista Flávio Antônio Xavier, de Holambra (SP). “Mas toda cerca precisa de manutenção”, diz Xavier.
Rabelo acrescenta que uma combinação inadequada afeta a estética da cerca. “Se as espécies tiverem crescimento desigual e em direções diferentes, para cima ou para os lados, por exemplo, a cerca-viva ficará sem estética, com aspecto de mal feita.” O que pode ser feito é plantar uma fileira com uma espécie e, paralelamente, outra espécie de interesse. “O hibisco, por exemplo, tem manutenção fácil e dá belas flores, o que pode ajudar a harmonizar o visual da cerca.”
FLORES VERMELHAS
Especialista em hibiscos, o técnico agrícola Helio Kawasome, de São Lourenço da Serra (SP), explica que, para formar uma cerca-viva, o hibisco indicado é o Hibiscus rosa-sinensis, que dá flores vermelhas. “É uma planta rústica, mas precisa de um solo bem preparado.” Segundo ele, o plantio em terra vegetal e uma adubação no plantio com a formulação nitrogênio, fósforo e potássio (10-10-10), vendida pronta, são suficientes. “Pode-se usar um complemento à adubação, com húmus de minhoca a cada seis meses. O material orgânico ajuda a estruturar o solo e até reduz a incidência de pragas e doenças.”
Com o plantio de três mudas por metro linear, a cerca de hibiscos atinge até 5 metros de altura e, em um ano, está fechada. “A poda serve para limitar a altura”, diz o técnico. “Como ela floresce o ano inteiro e é uma planta que lembra os tempos da vovó, é muito procurada e dá uma cerca esteticamente valorizada.”
CRITÉRIO
A opção pelo bambu também requer critério. Conforme o especialista Raphael Moras de Vasconcellos, criador do site Bambu Brasileiro, o bambu de touceira é muito usado como cerca-viva e, geralmente, as espécies Bambusa multiplex, B. tuldoides e B. textilis. “As três espécies desenvolvem varas de diâmetro médio, leves e fáceis de manejar.”
Segundo Vasconcellos, essas moitas exigem poucos cuidados, pois viram touceiras grandes vagarosamente, ano a ano soltando brotos. Não se costuma usar adubo e a irrigação é natural. “Lugares ensolarados e úmidos dão melhor resultado.” Ele destaca, porém, que deixar a touceira ficar grande demais dificulta a remoção da cerca. “Outro risco é plantar próximo a muros e construções. O bambu pode se alastrar sob as fundações, além das folhas, que costumam forrar o chão e impedem a instalação de outras culturas.”
OPÇÕES
Sansão-do-campo: Tem como vantagem o rápido crescimento e atinge até 5 metros de altura. O fato de ter espinhos torna a cerca segura, mas dificulta a poda de manutenção;
Maricá: Como o sansão-do-campo, cresce rápido e “fecha” a área. Tem porte de cerca de 5 metros de altura e possui espinhos;
Murta: Não “estoura” calçadas e o verde brilhante das folhas valoriza a estética da cerca. Tem crescimento lento e é fácil de ser podada. O ponto negativo é que é hospedeira do inseto transmissor da doença greening, que ataca pomares de citros;
Hibisco: Planta de crescimento rápido, tem outras vantagens como a facilidade de ser podada e a beleza das flores;
Jambolão: Planta de crescimento rápido, atinge até 15 metros de altura. Por ser uma árvore frutífera, atrai muitos pássaros (sabiás, bem-te-vis, saíras, sanhaços) e morcegos;
Iúca: Planta de crescimento moderado, com porte de até 5 metros de altura. Como cerca-viva, protege o local com suas folhas pontiagudas, que espetam;
Outras opções: Bambu, nim, fícus, primavera, eucalipto.
Fonte: Estadão