Colesterol alto também pode afetar as crianças

As mais gordinhas ou aquelas com histórico familiar do problema correm risco maior

POR JOÃO RICARDO GONÇALVES

Rio – Quando se fala em pessoas com colesterol alto, a imagem que vem à cabeça é a de adultos de meia idade, engravatados e estressados. Cada vez mais, entretanto, os médicos alertam para o fato de que o problema pode estar em pacientes com o perfil bem diferente: as crianças. E não só as mais gordinhas correm risco.

Júlia, 5 anos, tem alimentação balanceada para garantir a saúde | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia

Alertas sobre o tema foram lançados recentemente pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que avisou que 43 milhões de crianças em idade pré-escolar sofrem de obesidade ou sobrepeso, condição que gera riscos à saúde durante a vida inteira. Segundo o Instituto do Coração (Incor), cerca de 10% das crianças brasileiras têm taxas de colesterol altas.

De acordo com a coordenadora dos cursos de Nutrição do Complexo Educacional FMU (SP), Bernadete Azevedo, apesar de o sobrepeso ser indicativo de que algo pode estar errado, os pais devem estar atentos também a outros fatores.

“Níveis de colesterol alterados não provocam modificações físicas. Os pais devem procurar o pediatra do filho como forma de prevenção, quando eles próprios apresentam dislipidemias (níveis elevados ou anormais de lipídios ou lipoproteínas no sangue) ou antecedentes familiares para doenças cardiovasculares. Ou quando a criança tem hábitos alimentares inadequados e não pratica atividades físicas.”

Especialista em nutrição na infância e adolescência, Bernadete lembra a importância de os pequenos consumirem frutas e vegetais diariamente. “Fast food e salgadinhos são fontes de colesterol. A ação antioxidante de frutas e vegetais reduz a oxidação de alimentos gordurosos, além da ação das fibras, que ‘arrastam’ parte da gordura para as fezes e com isso, previnem o aumento do colesterol”,explica .

Mãe de Julia, 5 anos, e de Laura, 1, Daniela Neves faz questão de manter alimentação ‘colorida’ no prato das filhas. “Meu marido já apresentou alterações no colesterol. Por isso, procuro sempre balancear as refeições delas, incluindo frutas e vegetais”, conta.

“Basicamente, deve-se diminuir o consumo de gorduras saturadas, que são encontradas em alimentos de origem animal, industrializados e embutidos, como presuntos, salsichas, linguiças, etc”, diz Bernadete Azevedo, lembrando que também é importante estabelecer horários para as refeições.

Problemas cardíacos: o grande perigo

O colesterol é uma molécula similar à gordura, que age na composição da membrana que envolve as células, essencial para a fabricação de hormônios e na composição da vitamina D, necessária para os ossos e para o crescimento. Obtido nos alimentos de origem animal ou produzido pelo fígado, ele circula por todo o corpo, mas não é solúvel no sangue.

Problemas podem ocorrer, especialmente quando se ingere alimentos com colesterol em demasia, como carnes gordas e ovos. O excesso se deposita nas artérias, formando placas que podem endurecê-las e entupi-las, o que pode gerar problemas cardiovasculares.

Fonte: Jornal O Dia