O consumo de frutas e hortaliças inferior ao recomendado é um problema mundial, inclusive em países ricos e desenvolvidos
O consumo de frutas e hortaliças (FH) tem sido estimulado em vários países em função dos benefícios no combate às deficiências de vitaminas e sais minerais e na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e obesidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo inadequado de FH está entre os seis principais fatores de risco para a mortalidade mundial. Se a população mundial tivesse um consumo diário adequado de FH, em torno de 2,7 bilhões de vidas seriam salvas por ano . O consumo de frutas e hortaliças inferior ao recomendado é um problema mundial, inclusive em países ricos e desenvolvidos.
No Brasil, a partir dos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), verificou-se que o consumo médio de FH, considerando-se todas as classes de renda, corresponde a cerca de um terço da quantidade diária recomendada (400 gramas/dia). Verificou-se ainda que quanto menor a renda menor o consumo.
A Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ), com a participação e o apoio de diversos parceiros como Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Prefeitura do Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Câncer (INCA), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Fundação Xuxa Meneghel, Assessoria
O principal objetivo do projeto é desenvolver instrumentos para promoção do consumo de FH com os seguintes públicos-alvo: unidades de educação infantil, escolas, empresas, pontos de venda de FH e famílias assistidas pelo Programa Saúde da Família e Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PSF/PACS) em três comunidades da zona Oeste do município do Rio de Janeiro.
Numa etapa inicial, foi realizado um diagnóstico do consumo e oferta de FH com os segmentos mencionados acima
É importante destacar que a realização de ações que visem estimular o consumo de frutas e hortaliças deve proporcionar ao público alvo a conscientização sobre o papel desses alimentos na promoção da saúde. Porém, ao mesmo tempo, necessita demonstrar que FH são alimentos saborosos e seguros, com diferentes possibilidades de preparo e de consumo e que alimentação saudável e prazer devem, sim, andar de mãos dadas. As ações devem valorizar o caráter sensorial do alimento, assim como o lúdico na transmissão da informação. E, muito importante, devem valorizar o conhecimento, os valores e os interesses do público alvo. Ou seja, as ações devem ter uma base teórica, de fundamentos, mas devem ser construídas a partir das reais necessidades e anseios do público-alvo.
Assim, diferentes atividades foram realizadas, desde cursos de formação básica sobre nutrição, culinária, cultivo e comunicação direcionados para agentes comunitários de saúde, professores, recreadores e merendeiros, até a participação na organização de feiras de saúde nas comunidades, envolvendo os diferentes atores locais. Foi criada uma logomarca a fim de facilitar a comunicação visual do projeto, com o seguinte tema: “Cultivar, cozinhar, consumir: ponha mais frutas, legumes e verduras na sua vida”. Esta logo foi incluída em todos os materiais de informação e divulgação elaborados e distribuídos para o público-alvo, como banners, filipetas sobre frutas, legumes e verduras, incluindo receitas, livretos com dicas de atividades sobre o tema, folder com dicas para alimentação saudável, ímã com passos de higienização de FH, além da compilação de todos os dados obtidos nos diagnósticos, avaliados e organizados na forma de documentos impressos.
Este projeto foi pensado como uma estratégia local, envolvendo diferentes segmentos dentro de cada comunidade, inclusive o da oferta de frutas e hortaliças, a fim de que suas ações se potencializem e se multipliquem. E, quanto maior for o envolvimento dos atores locais, dos multiplicadores, dos tomadores de decisão, maiores serão as possibilidades de que a estratégia atinja os seus objetivos. Mudanças comportamentais e ambientais são essenciais. Transformar hábitos é um desafio. Este projeto é apenas o início de uma ação que deve fazer parte do cotidiano de cada um.
Virgínia Martins da Matta (vmatta@ctaa.embrapa.br), Doutora
Silvia Cristina Farias (projetoflv@gmail.com), nutricionista e aluna de pós-graduação
Fonte: Portal do Agronegócio / Embrapa Agroindústria de Alimentos