O canadense Gilles Turcotte, diretor geral da AgriSystems Internacional e sócio da EACEA Soluções em Cultivo Protegido, ministrou a palestra: “Cultivo Protegido Sustentável do Tomate de Mesa no Brasil”, durante o 5º Seminário Nacional de Tomate de Mesa. Turcotte explicou sobre os benefícios da produção em estufas, sistema no qual afirmou ser possível produzir de 10 a 20 vezes mais do que em campo aberto. “Por ter mais independência do clima exterior e ajudar no controle de pragas e doenças, as estufas agrícolas contribuem para uma melhor qualidade do fruto, redução de energia e água, além de estender o período produtivo da cultura”, explicou.
Turcotte comentou ainda que para a escolha do local da estufa alguns pontos importantes devem ser considerados, tais como: tamanho do mercado; clima; custos de energia; qualidade e disponibilidade de água; qualidade do solo; e custos da mão de obra localmente. “É preciso pensar na funcionalidade da estufa para cada caso, pois nem sempre é necessário investir em alta tecnologia para obter os resultados almejados em determinados casos”, salientou.
Já para manter a proporção ideal de 70% de frutos e 30% de folhas e aumentar ainda mais a produtividade em uma estufa, o especialista indicou o uso de coberturas difusas – para melhorar a distribuição da luz e sua penetração no cultivo -, injeção de CO2 e sistema de resfriamento. Outros fatores importantes para a qualidade e produtividade, segundo Turcotte, são: qualificação do produtor; gestão do clima; modernas práticas de cultivo e monitoramento; e gestão do pós-cultivo. Ele complementa ainda que melhorar a logística da cadeia do frio no país, também é uma medida importante para aumentar a qualidade dos frutos e garantir que ela chegue em bom estado até o consumidor.
Para uma produção de tomates em cultivo protegido sem químicos, Turcotte afirmou que é necessário o controle integrado, com monitoramento de pragas, insetos e controle biológico. O consultor alerta que para uma alta produtividade, o tomate orgânico não deve encontrar nenhuma deficiência nutricional, por isso, a importância de uma boa atividade biológica no solo. Agentes polinizadores, como as abelhas em estufas, contribuem para o aumento do tamanho do fruto, sendo que no caso do tomate aumentam em média três gramas. “Eles são extremamente importantes para o cultivo, porque atuam de forma constante e eficiente”, revela Turcotte. Para ele, embora demore uma média de três anos para se pagar os custos de investimento em estufas, os seus inúmeros benefícios possibilitarão o aumento da lucratividade da produção no médio prazo.
O “Uso de porta-enxertos na tomaticultura de mesa com ênfase em cultivo protegido: perspectivas e desafios” foi o tema da palestra de Rodrigo Cabrera, engenheiro agrônomo chileno e também sócio da empresa brasileira EACEA Soluções em Cultivo Protegido. Cabrera apontou que, atualmente, a maior parte do uso de enxertia em tomate é destinado à produção de mudas em cultivo protegido. A técnica proporciona inúmeros benefícios, dentre os quais: aumento da produtividade (tamanho e peso do fruto); aumento do vigor; tolerância ao stress abiótico; além de viabilizar outros objetivos, tais como a multiplicação de sementes e a preservação de variedades locais, por exemplo.
O especialista explicou também que o processo de enxertia envolve várias etapas, como: planejamento e teste de germinação de variedades; semeadura do porta-enxerto e enxerto; crescimento de mudas; preparação para enxertia; manejo de enxerto: fusão, aclimatação; desponte e transplante ou despacho. Ele alertou ainda que “para a realização eficaz do procedimento de enxertia, as mudas devem apresentar hastes e raízes desenvolvidas. Além disso, deve-se observar o diâmetro de caule do porta-enxerto: se ele for maior do que a do enxerto é considerado aceitável, mas se for menor do que a do enxerto, não é aceitável. O ideal é que os diâmetros de ambos, porta-enxerto e enxerto, sejam iguais”.
A aplicação desta técnica exige também rigor e precisão nos processos, sobretudo, com relação às medidas de assepsia, já que o maior risco é o sanitário, com o cancro bacteriano, segundo Cabrera. Para o engenheiro agrônomo há ainda outros desafios a serem observados no processo de enxertia, tais como: a transferência de tecnologia até o campo (transplantio e a logística); manejo do ambiente; tratos culturais e procedimento diferenciados de manejo (como irrigação, adubação/nutrição); alto custo de tecnologia; e a falta de mão de obra qualificada.