O verão no Hemisfério Sul começou, exatamente, no dia 21 de dezembro, às 8h44, horário de Brasília e vai até 20 de março, às 7h29. A previsão para os primeiros meses de 2017 é que seja um clima mais ameno em relação ao ano anterior. Isso, porque, em 2016, o El Niño, fenômeno que resulta no aquecimento anormal das águas do Pacífico criando massas de ar quentes, elevou as temperaturas e consequência disso aumentou a quantidade de chuvas.
“No ano passado, tivemos um dos fenômenos mais fortes da história. Então, se formos comparar o ano passado, provavelmente, este verão não vai ser tão quente como no ano que passou”, explica a climatologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), Renata Tedeschi.
Segundo o site de meteorologia ClimaTempo, o Brasil teve as duas últimas temporadas de verão muito irregulares, com registro recente de crise hídrica no Sudeste e Centro-Oeste e com uma forte seca que ainda castiga o Nordeste e parte do Norte. Esta estação está sendo marcado pela influência fraca do fenômeno La Niña formada que, ao longo do verão deve deixar de existir. Além disso, o oceano Atlântico não está atrapalhando o deslocamento das frentes frias. A situação está muito diferente dos últimos anos. A temperatura pode até ficar acima da média em algumas localidades, mas está menos quente do que em 2014 e 2015.
Os produtores não encontram tanta dificuldade para realizar os trabalhos de colheita, plantio e tratos culturais nos campos. A safra deste ano será favorecida pelo clima de norte a sul do país. Com chuvas mais frequentes, os solos apresentam bons níveis de umidade, favorecendo o desenvolvimento das lavouras, que antes vinham sentindo os efeitos negativos da estiagem.
A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) realizou, recentemente, uma pesquisa para o uso de telas de sombreamento para a produção de hortaliças folhosas no verão. O estudo constatou diversas avaliações em diferentes tipos de telas, com variação em cores e porcentagens de sombreamento, além do seu impacto na produção de diferentes hortaliças.
“As plantas de alface cultivadas sob as telas de sombreamento apresentaram folhas maiores e mais macias. Esse resultado é atribuído ao aumento da área foliar para otimizar a captação da luz. As plantas cultivadas sob intensa radiação solar (pleno sol) apresentaram folhas mais espessas e menores, mecanismo de proteção e redução da transpiração”, explica a pesquisadora Andréia Cristina Silva Hirata.
Para os agricultores, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) liberou no dia 26 de dezembro, mais de R$ 100 milhões do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). O seguro rural, voltado principalmente para enfrentar os riscos climáticos, cobre culturas de grãos e as de frutas.
No verão aproveite bem as frutas e as hortaliças
Para os consumidores, o início de ano, o calor e a chuva são os tópicos mais esperados. O verão é uma das estações prediletas dos brasileiros. Porém, alguns cuidados com a alimentação, principalmente, neste tempo quente, são recomendados pelos especialistas na área de saúde. Por isso, sucos de frutas naturais são boas opções para hidratar neste tempo seco e hortaliças para ingestão de alimentos mais leves.
“No frio, a gente tem mais fome porque precisamos fornecer calor para esquentar o corpo. No calor é o contrário, a gente não tem fome porque o corpo não precisa fazer tanta energia, porque o corpo já tem calor. A gente precisa resfriar o corpo. É por isso que a gente sua pra tentar ficar mais fresquinho”, explica a nutricionista Silvana Duarte.
Pensando na praticidade, muitos consumidores preferem os sucos industriais, pois, eles já vêm prontos para o consumo.”O suco de caixa está cheio de açúcar, é industrializado, tem corante, estabilizante, conservante e aquele tanto de aditivos que não são saudáveis. Então não é legal o de caixinha. O de pó muito menos, que eles ainda colocam lá no rótulo que tem uma grande quantidade de vitamina C, 10% de suco de fruta. Mas ele tem tantos malefícios que não faz o efeito. Então se é pra fazer um suco, é natural, sem açúcar. Outra coisa, refrigerante não hidrata, ele não é água e tem muito açúcar. Então ele acaba pedindo mais água pra diluir esse açúcar todo”, ressalta a nutricionista.
Um exemplo de quem realiza o procedimento mais adequado é a paulistana, Estela de Sousa, que trabalha como cabelereira e procura sempre cuidar da saúde. “Eu vou sempre à feira para comprar melancia e aproveito para utilizá-la como suco, já que a fruta tem bastante líquido e dá para aproveitar muito, além de ser bem docinha”, comenta Estela de Sousa.
Produtos em destaques nesta estação
Não somente a melancia, mas neste período, alguns produtos ficam em destaque no verão. Devido ao clima e as necessidades específicas fazem com que a safra fique produtiva. A CEAGESP – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo disponibiliza no próprio site uma tabela de sazonalidade dos produtos comercializados no Entreposto paulista. Alguns itens no setor de frutas como a goiaba, a jaca, o limão Taiti, o mamão, a melancia, o melão, a nectarina, a pera nacional, a pinha e a pitaia, por exemplo, estão em alta neste período.
Segundo o relatório realizado pela CEAGESP, o primeiro trimestre do ano tem como principais características as frequentes chuvas e as altas temperaturas, situações altamente prejudiciais para a produção de hortaliças, notadamente as mais sensíveis. Portanto, legumes e verduras deverão apresentar problemas na qualidade e diminuição do volume ofertado neste início de 2017. Em contrapartida, as frutas devem registrar, neste início de ano, boa oferta e preços reduzidos em relação a 2016.
Não somente na Central de Abastecimento de São Paulo, mas também em outros Entrepostos, como na Ceasa de Minas Gerais. As frutas, nessa safra, no Entreposto mineiro, apresentaram redução geral de preço de 23,2%, principalmente pelo limão tahiti, que caiu 42,4%. A previsão é positiva de bons preços até o segundo semestre deste ano, caso não ocorra nenhuma interferência climática. Outro produto, que apesar do aumento de 2,9%, a melancia continua com bom preço. O mamão caiu 14,7% e deve continuar em situação atraente ao consumidor, já que o produto vai entrar em safra em fevereiro.
A safra da pinha, mais conhecida como a fruta do conde, por exemplo, começa em janeiro. Ela é bem procurada nos mercados das Centrais de Abastecimento do Espírito Santo e de São Paulo.
“A gente consegue ter uma safra o ano inteiro, isso porque, temos regiões produtoras tanto no sul quanto no nordeste. A caixa do tipo 11, classificação da pinha por tamanho, ou seja, na caixa tem 11 unidades. Hoje, fica por volta de R$ 25,00” menciona Lídia Pires, uma das proprietárias da empresa Ramirez Agrícola, empreendimento localizado na CEAGESP.
Já no setor de legumes, o verão também proporciona para que os alimentos estejam em conta. A primeira quinzena de janeiro, na Ceasa de São Paulo, alguns produtos ficaram com os preços em baixa. Itens como o tomate, a batata doce rosada, a abóbora paulista, a abobrinha brasileira, a berinjela, o pepino comum, a beterraba, a abóbora moranga, o pimentão verde e vermelho. Enquanto as verduras: a alface, a chicória, a escarola, a salsa e a Cebola Nacional foram as destaques no Entreposto paulista.
“Com exceção das frutas, a tendência é de queda, mas no caso dos legumes e das verduras nem tem margem para cair mais porque já estão muito baratos e isso afetaria o custo”, analisa o economista Flávio Godas.
Fonte: Jornal Entreposto