Em Minas Gerais, produtores de legumes e hortaliças estão adotando uma estratégia que ajuda a evitar as perdas na agricultura e ainda aumenta a margem de lucro.
Eles embalam suas verduras e legumes em bandejas de isopor ou PET, envoltas com filme PVC. Além de melhorar o rendimento das propriedades, a prática, orientada por extensionistas da Emater-MG, agrada também ao comércio, que pode ampliar o tempo de exposição das mercadorias, e aos consumidores, pela facilidade na compra.
O extensionista local da Emater-MG em Jaboticatubas, Osmar José da Silva, conta que os produtores familiares da região adotaram a prática iniciada por Takazuki Esaki, um grande produtor que foi pioneiro na embalagem de hortaliças. “A Emater-MG adaptou a tecnologia para os pequenos produtores e incentiva a organização em grupos de produção”, explica Osmar.
O trabalho da Emater-MG junto aos produtores resultou na criação do Barracão do Produtor, local próprio para a classificação e embalagem conjunta. Entre os produtos embalados no barracão estão pepino japonês, tomate cereja, tomate, brocólis, couve-flor, ervilha e pimentão, abóbora menina, brócolis, couve-flor, quiabo, nabo, rabanete, vagem, ervilha, pimenta e até cana-de-açúcar, pronta para o consumo. O processo de embalagem é realizado de duas a três vezes por semana. Depois, as bandejas são transportadas para a Ceasa, em Contagem, onde são comercializados 95% dos produtos. O restante é vendido no comércio local.
De acordo com o produtor Júlio Esaki, filho de Takasuki, a embalagem ajuda a preservar a qualidade. “O grande vilão, hoje, dos hortifrutigranjeiros é a perda do produto, por danos no transporte. Se estão protegidos, isso não acontece”, diz. “ A vantagem não é só para o produtor, mas para o comerciante que evita perda de produtos e também para o consumidor, que compra somente a quantidade que vai necessitar, evitando o desperdício”, argumenta.
Outras vantagens: além de vender um produto com qualidade, fracionado na quantidade certa para ser consumida, há a possibilidade de se agregar valor ao produto e fazer sua propaganda por meio da rotulagem, que serve como referência para o consumidor, pois inclui o local origem. “Além da embalagem garantir a qualidade, o produtor passa a ter uma marca. No caso da comunidade de Bamburral, aqui em Jaboticatubas, eles têm um rótulo próprio e são conhecidos por isso”, afirma o extensionista Osmar José da Silva.
PRAZO DE VALIDADE MAIOR
A agricultora Maria Veiga, de Paraopeba (Região Central), tem lucro entre 10 e 15 centavos com cada bandeja de 410 gramas de quiabo. “A tática da embalagem tem dado certo aqui no município, pois protege o quiabo, que é muito sensível ao manuseio. As perdas com quebra de pontas e escurecimento são muito menores com o uso das bandejas”, conta a extensionista da Emater-MG, Maristane Souza. “E os consumidores também saem ganhando, pois compram um produto já selecionado, no ponto certo de consumo, e com risco de perda menor, já que pode ser consumido em até 6 dias.”
Nos supermercados, a iniciativa também é aprovada, afirma Maristane, pois com as bandejas há menos perdas no transporte e aumentou o tempo de permanência nas bancas, que passou de três para seis dias. “Isso além do varejo receber o quiabo com melhor aparência, já selecionado no campo”, completa a extensionista da Emater-MG.
NA PONTA DO LÁPIS:
* 1 caixa de madeira de quiabo pesa 14 kg.
* Com 14 kg de quiabo são produzidas 30 bandejas de 410 gramas cada.
* Perda média com transporte em caixa de madeira: 1,7 kg.
* Preço de venda da bandeja na Ceasa: R$ 1,00 (varia em função da safra)
* Em cada caixa cabem 20 bandejas
* O lucro é de até 25%: R$ 5,00 por caixa de 12,3 kg, vendida por R$ 20,00
Fonte: Assessoria de Comunicação da Emater-MG