O 5º Seminário Nacional de Tomate de Mesa teve como Conferência de Abertura o tema: “Avanços no melhoramento do tomateiro para sistemas sustentáveis de cultivo”, proferida pelo pesquisador da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, Jay Scott. Durante sua apresentação, Scott abordou questões técnicas para o aprimoramento do cultivo de tomate e a importância da propagação do conhecimento neste processo, entre os centros acadêmicos e a iniciativa privada, visando a satisfação do consumidor. “Não faz sentido que a universidade seja uma empresa de sementes. Creio que temos que dar às empresas linhas para que concluam suas pesquisas e lancem seus produtos. Portanto, é importante que trabalhemos muito próximos e que haja uma parceria entre as universidades e as empresas”, apontou.
Atento às demandas de mercado, Scott afirmou também que “embora não seja possível ter um tomate que todos gostem, é possível ter um tipo que a maioria das pessoas goste e que agrade ao paladar”. Contudo, o pesquisador acredita que o grande desafio na inclusão de sabor no tomate é agregá-lo com outros fatores importantes para o desenvolvimento do produto, como a inserção de resistência a alguma doença, por exemplo, sem que um objetivo interfira no outro.
Tiago Fischer, consultor da Stracta Consultoria, também tratou da questão do consumo em sua palestra: “As tendências mercadológicas de consumo e as estratégias de marketing alinhadas ao novo consumidor”. Fischer destacou que “é fundamental a comunicação entre todos os elos envolvidos na cadeia para atender às expectativas do mercado”. Ele ressaltou ainda a importância do distribuidor dentro do processo, que tem uma posição privilegiada por estar mais próximo do consumidor.
Para o especialista, um ponto estratégico para quem atua no setor é a realização de feedback, um trabalho que deve ser feito de ponta a ponta da cadeia, visando, sobretudo, atender às demandas do consumidor. O trabalho consiste, inicialmente, em analisar dados e informações de diferentes esferas: legal, política, tecnológica e ecológica. Contudo, são os ambientes sociocultural e econômico, principalmente, que determinam o que os consumidores querem, segundo Fischer. Por isso, uma das questões destacadas pelo palestrante foi o aumento do poder de compra do brasileiro, reflexo da melhor distribuição de renda no País e que resultou no aumento do consumo de alimentos com maior apelo comercial dentro do mercado industrializado. Outro dado também importante a ser considerado foi o avanço do nível de educação da população, que promoveu o acesso à informação e, consequentemente, o seu nível de exigência. “A informação gera criticidade e, com isso, a escolha e fidelidade ou a substituição do consumo de um produto”, enfatizou Fischer.
Com base em pesquisas e análises dos diferentes ambientes, o consultor identificou algumas tendências comportamentais no segmento de alimentos, dentre as quais:
• Sensorialidade e prazer: ponderação da relação custo-benefício do consumo, percepção de valor e o reconhecimento da imagem e da marca, atrelados à garantia de qualidade.
• Saudabilidade e bem-estar: a busca por produtos com mais sabor, aparência atrativa e que agreguem benefícios à saúde.
• Conveniência e praticidade: quantidade acessível; embalagens atrativas e boa disposição nas gôndolas.
• Sustentabilidade e ética: baixo carbono, preservação ambiental e bem-estar, embalagens recicláveis, certificações, rastreabilidade, etc.
Fischer finalizou apontando que “o consumidor mais informado e exigente, quer consumir mais por desejo do que por necessidade. Por isso, torna-se um grande desafio compreender a lógica e a demanda reversa da ponta da cadeia e defender o produto por meio de alianças setoriais”.