A floricultura é um agronegócio que vem crescendo a cada ano no Brasil e no mundo
Ela abrange o cultivo de flores e plantas ornamentais para os mais variados fins e formas de apresentação, incluindo desde o cultivo de flores para o corte até a produção de mudas arbóreas destinadas à recomposição ambiental e ao paisagismo. Em todo o mundo, a atividade movimenta no mercado produtor algo em torno de US$ 18 bilhões, e por volta de US$ 54 bilhões no mercado consumidor.
No mercado produtor brasileiro, anualmente, o setor chega a movimentar US$ 380 milhões (R$ 700 milhões), no atacadista US$ 595 milhões (R$ 1,1 bilhão) e no varejista US$ 1,41 bilhões (R$ 2,6 bilhões). Ele é responsável pela geração de aproximadamente 194 mil empregos diretos, distribuídos entre 96 mil para a produção, seis mil para a distribuição, 77 mil no varejo e 15 mil em funções de apoio.
No Distrito Federal essa atividade é recente. Ela começou há menos de 20 anos e ainda é pouco expressiva em nível nacional. A produção local atende a somente 15% da demanda. Mais de 80% desta é atendida principalmente pelo Pólo de São Paulo, e são importados também praticamente todos os produtos utilizados na cadeia. Assim, o Programa Brasileiro de Exportação de Flores e Plantas Ornamentais (FloraBrasilis) caracteriza a região como um pólo com foco prioritário na consolidação da produção da floricultura local e no auto-abastecimento.
Atualmente, o setor está em franca expansão no DF, que é considerado o mercado consumidor mais promissor do país, por ter a maior renda per capta, e ainda devido ao grande número de eventos que demandam arranjos florais. Apesar disso, ocorrem lacunas nos aspectos científico, tecnológico e social, para o atendimento efetivo às necessidades locais da cadeia produtiva. Dessa forma, para a consolidação da floricultura no Distrito Federal é necessário maior incentivo às pesquisas agronômicas nas condições edafoclimáticas para o cultivo no Cerrado e à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação de novos produtos para o setor, com ênfase no potencial nativo a ser investigado. É necessário ainda aprimorar o cultivo das espécies já adaptadas, fruto do empirismo exercitado pelos produtores locais.
O fortalecimento desse agronegócio, visando à consolidação no Distrito Federal, necessita – a pequeno, médio e longo prazos – de incrementos na competitividade em todos os elos da cadeia produtiva e de seus agentes. Para isso, é importante capacitar recursos humanos desde a produção até o consumidor final, enfatizando a orientação técnica e transferência de tecnologia. Deve-se priorizar ainda o estímulo ao consumo para além das datas comemorativas. A infra-estrutura produtiva, comercial e logística carece de apoio. Também é necessário fortalecer a união de todos os atores da cadeia produtiva pelo cooperativismo e associativismo, entre outros.
Como conseqüência de um setor bem estruturado, um produtor mais preparado – contemplado com novas tecnologias, diversificação, novas opções de cultivo, redução dos custos de produção e melhoria na qualidade das flores e plantas ornamentais – terá maior sustentabilidade em seus negócios. Nesse contexto, a geração de emprego e renda, desde a produção até o varejo, fortalecerá a cadeia produtiva e trará crescimento para o mercado interno, emancipação do Pólo e, consequentemente, maiores condições para novos mercados, inclusive para o externo.
Para o setor como um elo a ser fortalecido no que tange à pesquisa e inovação, formação de recursos humanos e transferência de tecnologia, a Embrapa, as universidades, os Institutos Tecnológicos e Emater têm papel fundamental. Atualmente a cadeia produtiva tem sido beneficiada pelo empenho também da Ibraflor, Sebrae-DF e FAP-DF e demais agentes quanto a organização de dias de campo, feiras temáticas e cursos de capacitação entre outros eventos, e também dessas instituições em parceria com o Sindigêneros-DF, Sindifhort -DF entre outras, para o fortalecimento do setor de varejo.
Araci Molnar Alonso e José Carlos Sousa Silva
Pesquisadores da Embrapa Cerrados
www.cpac.embrapa.br