Fórum promete traçar caminho sustentável para o agronegócio

Setor discute a partir de hoje, nos Estados Unidos, como equilibrar a expansão da produção e o crescimento da demanda mundial. Modernização da economia agrícola da China pode redefinir o mercado da soja

Por Luana Gomes e Giovani Ferreira, enviados especiais

Começa hoje, nos Estados Unidos, o fórum mundial da agricultura – o 2010 Agricul­ture Outlook Forum. Com o tema Agricultura Sustentável: A Chave para a Saúde e a Prosperidade – Sustainable Agriculture: The Key to Health & Prosperity –, o congresso vai debater o agronegócio e a segurança alimentar. Assuntos como agricultura familiar, produção orgânica, mudanças climáticas e produção de biomassa para geração de energia limpa e renovável compartilham a pauta com temas tradicionais como oferta e demanda, comércio internacional, meio ambiente e rastreabilidade.

Num ambiente de demanda crescente e oferta ainda mais abundante, a sustentabilidade da atividade agropecuária ganha importância. O desafio é produzir alimentos de maneira sustentável – econômica, social e ambientalmente – para atender a um mercado consumidor cada vez mais exigente, dizem os especialistas. “O mundo necessita repensar os processos produtivos em busca da eficiência, e o Agri­cultural Outllok Fórum 2010 tem em seu programa o reflexo desse novo pensamento”, observa Marco Olivio Morato de Oliveira, técnico da Or­­ganização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

Outro destaque da programação do fórum é a modernização da economia agrícola da China, tema que interessa sobremaneira ao Brasil. O país asiático é o maior importador de soja do mundo e também o principal parceiro comercial do agronegócio brasileiro. “A agricultura chinesa tem o dificílimo desafio de suprir a demanda por alimentos da maior população mundial. Nesse sentido, a sua modernização e dependência de outros mercados é alvo de atenção especial no congresso”, destaca Oliveira.

“O grande calcanhar de Aquiles da China hoje é a soja. É o único produto que os eles importam em grande volume”, diz Alexandre Mendonça de Barros, analista da MB Associados. Segundo ele, os chineses devem comprar neste ano entre 42 e 45 milhões de toneladas do grão. Na sua avaliação, é inevitável que a China importe alimentos para suprir sua demanda interna. “A pergunta é qual o volume, dado que eles têm um potencial produtivo muito bom.”

Dependência

“O maior problema chinês não é nem de produção, é sanitário. A produção animal chinesa, que é gigante, a maior do mundo, é muito primitiva ainda. Acho que é inexorável que haja uma modernização dessa estrutura”, completa. Para Mendonça de Barros, apesar dessa dificuldade, o país asiático continuará demandando grandes quantidades de alimento no mercado internacional “Não depender só da produção interna também é uma certa segurança”, considera o analista.

Segundo ele, a modernização da agricultura chinesa não representa uma ameaça para o Brasil. “A batalha brasileira é a briga pela abertura de mercados. Vamos ser sempre barrados lá fora pela competitividade natural do Brasil. Mas temos uma vantagem, que é estar presente em todos os continentes. Estamos aumentando a presença na África, no Oriente Médio, na Europa, na Ásia”, aponta.

Serviço: O 2010 Agriculture Outlook Forum ocorre hoje e amanhã em Arlington, na Virgínia, próximo a Washingotn DC. O evento é realizado anualmente pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Veja em www.usda.gov/oce/forum.

Fonte: Gazeta do Povo