Excesso de água resultou em doenças provocadas por fungos, que derrubaram a produção de manga, laranja e limão
Por Maíra Soares
A grande quantidade de chuvas no inverno deste ano provocou uma queda na produção de frutas na região de Bauru. As árvores frutíferas que florescem na estação tipicamente seca foram as mais prejudicadas, dentre elas as produtoras de limão, alguns tipos de laranja e manga. Os meteorologistas ainda não têm uma explicação para as alterações climáticas ocorridas na região e em todo o Brasil.
Segundo Sérgio Mitsuo Ishicava, engenheiro agrônomo da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) de Piratininga, as frutas cítricas da região tiveram uma queda de 30% na produção. “Eu conversei com um produtor rural de frutas cítricas e ele comentou que, na região, houve uma perda na ordem de 30%”, diz.
Marcelo Zonta, produtor de laranja, conta que suas perdas foram significativas. “A gente trabalha mais na área da citricultura e o que a gente sabe – não é um dado técnico, mas é o que a gente vê – que teve uma perda significativa na produção por doenças fúngicas devido a chuva”, relata.
O aumento da precipitação na época do nascimento das flores aumenta a incidência de microorganismos que causam doenças nas árvores frutíferas. “O excesso de chuva na época de florada aumenta a incidência de alguns fungos e bactérias, que acabam causando o abortamento das flores e do fruto em formação. Elas secam por conta das doenças”, explica Ishicava. A doença mais comum é atracnose, que provoca o apodrecimento das flores e dos frutos ainda no início do seu desenvolvimento.
De acordo com Aloísio Costa Sampaio, professor do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o ideal é que os produtores utilizem fungicidas para prevenir, pelo menos, parte das perdas. “O produtor pode intensificar a pulverização de fungicidas sistêmicos que oferecem maior proteção porque são absorvidos pelas plantas. Mas, mesmo com isso, alguma perda vai existir porque a chuva acaba lavando parte do produto que fica na superfície”, explica.
A manga, fruta muito consumida pela população, também foi afetada pelas chuvas pois sua florada acontece em julho e agosto. De acordo com Sampaio, a umidade também colaborou para o nascimento de galhos com folhas e não com flores, o que culminou na diminuição da quantidade de frutos.
Até quem não é produtor já tem notado a queda na quantidade de frutas nas árvores. O aposentado Bonaparte Giafferri, que mora na rua Piauí, na Vila Cardia, notou a diferença nas quatro mangueiras que ficam nas proximidades de sua casa. “Essa aqui da frente deu bastante, mas as da outra quadra não deram quase nada. No sítio do meu filho deu pouco também. A gente não sabe explicar o porquê, mas quem sabe não foi o vento que derrubou as flores na época que elas estavam floridas”, comenta.
Fonte: Newsletter JCnet