Hortaliças devem ficar mais caras

Por Josiane Carvalho

As chuvas dos últimos dias, que provocaram uma série de prejuízos nas propriedades rurais, principalmente no Bairro do Cocuera, em Mogi das Cruzes, refletirão diretamente no bolso do consumidor, que poderá sentir as consequências destas tempestades no repasse dos preços e na qualidade das verduras e hortaliças que serão comercializadas nos supermercados e feiras livres já nas próximas semanas. Embora os produtores digam que estes repasses só serão feitos em janeiro, época em que o consumo tende a aumentar, alguns comerciantes já encontram dificuldades para comprar determinados tipos de hortaliças.

“Como nossos fornecedores são todos daqui do Cocuera, esta semana já não recebemos couve-flor e brócolis. Tudo por causa da chuva dos últimos dias. Por enquanto, não precisamos repassar os preços, mas se continuar deste jeito, teremos que fazer o ajuste”, explica Regiane Aparecida, de 29 anos, proprietária de uma mercearia às margens da Rodovia Mogi-Salesópolis.

De acordo com o produtor rural Mario Tanaka, proprietário de um sítio no Cocuera, o cultivo destas hortaliças é, de fato, mais complicado. “No caso da couve-flor e do brócolis, o solo encharcado faz com que as plantas já apodreçam no pé antes mesmo de serem colhidas. É claro que nestes casos o prejuízo é maior”, completa.

Tanaka explica que, nesta época, o consumo de verduras diminui consideravelmente e somente no mês que vem é que os agricultores poderão repassar os valores para o consumidor. “No Natal, ninguém quer comer salada. O problema é em janeiro, com o verão e as altas temperaturas, as pessoas consomem mais o nosso produto e aí sim vamos ver se teremos que readequar os preços”.

Para tentar manter a qualidade dos produtos que comercializa, Tanaka busca alternativas em outras regiões produtoras. “Faço entregas diárias para supermercados de São Paulo e do Rio de Janeiro e não posso ficar dependendo somente da minha plantação. Por isso, quando temos este tipo de problemas, costumo comprar os produtos de outros agricultores, geralmente do Interior de São Paulo, onde a incidência de chuvas é menor”, explicou.

Consumo em baixa

Para o produtor, o ano de 2010 não foi um dos melhores, principalmente no que se refere às vendas. “Faz muito tempo que não vejo um ano tão difícil para a comercialização de verduras. Parece que o brasileiro deixou de consumir saladas. Alguns diziam que quando passasse a Copa do Mundo, o mercado reagiria, mas não reagiu. Depois, a desculpa foram as eleições, mas passado o período eleitoral também não vimos muitas alterações no mercado”, comentou.

Fonte: Jornal O Diário