Indústria se volta para mercado interno

A velocidade de recuperação da indústria brasileira está aumentando. Pelos dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial cresceu 2,2% em outubro em relação a setembro – um aumento acima da média em comparação aos mesmos meses de anos anteriores. Foi o 10º mês seguido de crescimento.

A recuperação está sendo puxada pela venda de produtos de consumo, como carros e eletrodomésticos de linha branca – geladeiras, fogões e máquinas de lavar roupa. Em 2009, o mercado interno evitou uma crise maior da indústria brasileira. Em 2010, dizem especialistas e empresários, a fórmula deve se repetir, mas como estratégia.

As empresas que puderem vão trocar o mercado externo pelo interno, apostando que a economia brasileira crescerá mais do que a de países ricos. Trata-se de uma mudança histórica no perfil da produção no Brasil.

Até 2005, o mercado externo respondia por 70% do crescimento da indústria brasileira. Com a ascensão das classes C e D, o mercado interno cresceu e a participação das exportações no crescimento da indústria caiu.

Para 2010, os especialistas projetam que 80% ou mais do crescimento das fábricas virá das vendas no mercado interno. E as projeções para o crescimento da indústria são generosas, variam de 4% a 9,5% em 2010, ante uma queda de até 8% em 2009.

A contribuição das exportações será praticamente nula para o crescimento da indústria em 2010 e virá só do mercado interno, prevê o diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Roberto Giannetti da Fonseca. Ele projeta crescimento de 5% a 8% para a produção industrial em 2010 e não descarta a possibilidade de que as vendas externas contribuam negativamente para a expansão da indústria no ano que vem.

O sócio diretor da RC Consultores, Fabio Silveira, que projeta expansão de 4% para a produção da indústria em 2010, prevê que o mercado interno responderá por 3,3 pontos porcentuais ou mais de 80% da taxa de crescimento. O mercado doméstico já foi importante neste ano e será mais importante em 2010. Ele fundamenta essa hipótese na forte expansão, de 14%, no crédito ao consumo no ano que vem.

Além desse pilar, Silveira destaca o efeito da massa salarial para turbinar o mercado doméstico em 2010. Nas suas contas, a massa salarial total deve atingir R$ 111,4 bilhões em 2010. Serão R$ 9,4 bilhões a mais na comparação com 2009. O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, que projeta alta de 9,5% para a produção da indústria em 2010, prevê que o mercado doméstico vai responder por 7,5 pontos porcentuais desse crescimento. O investimento na construção civil vai ajudar a ampliar a fatia do mercado interno no crescimento.

Fonte: O Estado de São Paulo