Mais marketing para o campo

Agricultura banca 30% do PIB, mas não investe 1% disso em propaganda. Tema foi discutido no congresso da Abag

Por Tânia Rabello

Um investimento de R$ 30 milhões para melhorar a imagem da agricultura brasileira. A cifra foi prevista pelo ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, durante o 9.º Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), na segunda-feira, em São Paulo (SP). Rodrigues, que é coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), relatou, durante o painel “Comunicação”, o desconhecimento da população em geral em relação à importância da agricultura e à presença de produtos extraídos do campo em praticamente todas as atividades cotidianas, da xícara de café até lençóis de linho.

Para destacar a imagem do agronegócio no País – “Como fez a Colômbia com seu café, que criou um símbolo, o Juan Valdez, que personifica o produto daquele país e atesta sua qualidade”, acrescentou outro palestrante, o sócio-diretor da DPZ Propaganda, Roberto Dualibi -, um grupo de trabalho será formado para captar recursos e investir em propaganda.

Ainda segundo Dualibi, “o agricultor brasileiro não sabe se comunicar com o consumidor”. Ele citou outro exemplo: o marketing bem sucedido dos vinicultores dos Estados Unidos para promover as regiões produtoras de vinho no país, cuja bebida ficou até mais valorizada do que a italiana.

Para o presidente da Abag, Carlo Lovatelli, agricultor só aparece na mídia “na defensiva”. “Sempre temos uma postura defensiva, rebatendo críticas como as relativas ao desmatamento da Amazônia, por exemplo”, disse. “Precisamos ter uma postura pró-ativa, daí um dos temas centrais do congresso da Abag deste ano ser comunicação.”

Contribuições. A ideia, segundo Rodrigues, é “passar o chapéu” entre as grandes empresas e associações do agronegócio brasileiro para formatar uma coordenada campanha de marketing.

Um dos debatedores do painel, Geraldo Alonso Filho, presidente da FGF Agricultura & Negócios, ressaltou que apesar de o agronegócio brasileiro garantir um terço do Produto Interno Bruto (PIB), não investe nem 1% deste valor em propaganda. “O café da Colômbia só vale mais do que o brasileiro por causa do marketing”, ressaltou Alonso Filho.

Fonte: Jornal O Estado de S.Paulo