Extrato de nim, enxofre e cal-virgem apresentam ótimo desempenho na região de Viçosa
As observações sobre manejo ecológico de ácaros-praga da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) oferecem alternativas de controle naturais e econômicas aos produtores de hortaliças em sistema orgânico. O trabalho é conduzido no sentido de adequar as doses de produtos previamente recomendados, preservando inimigos naturais e polinizadores de possíveis efeitos negativos. Sem muitas substâncias registradas para uso no Ministério da Agricultura, os resultados já selecionaram elementos para enfrentar o ácaro branco no ataque a culturas como a pimenta malagueta e até mesmo o pinhão manso.
Entomologista responsável pela coordenação do projeto, Madelaine Venzon relata que, dentre as avalições, sobressaíram o extrato de nim e a calda sulfocálcica (cal virgem e enxofre). Alguns produtos à base de nim são eficientes para imunizar o morangueiro contra o ácaro-rajado e não afetam a fauna benéfica. Segundo ela, a falta de recomendação técnica para o manejo de doenças nesses cultivos expõe as plantas ao risco da toxidez. Atualmente, estudos com jiló, quiabo e salsinha estão em andamento.
— A manipulação correta proporciona retorno ambiental e econômico, ao passo que a aplicação inadequada pode causar desequilíbrios na formulação. Reações a altas temperaturas causam queimaduras, chegando a matar os vegetais em algumas situações — revela a pesquisadora.
Devido à diversidade de efeitos a serem considerados, os experimentos foram iniciados na Unidade regional da Zona da Mata, em Viçosa, com a cultura de ácaros similares e testes em laboratórios. A segunda fase contempla plantas inteiras nas casas de vegetação, seguida da etapa de campo, que consiste em avaliar o rendimento das pulverizações selecionadas.
— As perdas nos pomares de morango atingem até 80% da produção. No caso da pimenta malagueta, se o ataque ocorrer no estágio inicial de desenvolvimento há o risco de destruição total. Agora, precisamos intensificar a transferência dessas tecnologias mais recentes e a perspectiva de aceitação é muito boa nesse segmento que normalmente não tem muitas opções — enfatiza.
Além dos dias de campo agendados e boletins técnicos editados pela Epamig, a realização de um workshop de controle alternativo de pragas está entre ações de divulgação das inovações. A substituição total ou parcial dos agrotóxicos é um processo lento. E o intuito é investir na crescente adoção da prática entre os agricultores.
Fonte: EPAMIG – Assessoria de Comunicação