Áreas do Mato Grosso estão inviáveis para o cultivo da soja devido à alta densidade dos microorganismos que prejudicam o desenvolvimento de raízes
O tratamento de sementes é a medida mais eficiente. No entanto, o levantamento da população presente no solo e a adoção de medidas preventivas de manejo são fortes aliados no controle de nematóides nas plantações de soja. Esses são os temos das palestras que o pesquisador Daniel Cassetari, fitopatologista da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), ministrou durante o Show Rural Coopavel. O objetivo é o esclarecimento quanto a um dos principais problemas enfrentados pelos agricultores.
Em primeiro lugar, a recomendação que se faz aos sojicultores é o tratamento de sementes, fundamental para reduzir os danos dos nematóides na fase inicial do cultivo. De acordo com Daniel, os estudos visam as variedades que são suscetíveis ao gênero pratilenco. Os produtos são misturados às sementes em betoneiras e o plantio, apesar de não requerer cuidados especiais, exige do proprietário rural uma análise das espécies de nematóides presentes nas áreas. No caso do Pratylenchus, a proteção das cultivares torna-se indispensável.
— O nematóide é um microorganismo de solo que se alimenta da raiz da planta, ou seja, impede que ela exerça a função de absorção de nutrientes e água. O produtor faz a adubação, mas o sistema radicular não consegue se favorecer. Assim, a parte aérea fica prejudicada e a lavoura produz cada vez menos. O problema maior é que aumento da população de nematóides ocorre rapidamente. Quando o produtor percebe, o dano já é irreversível — alerta o pesquisador.
Daniel Cassetari explica que, hoje, existem nematicidas usados diretamente nos terrenos. Porém, eles não são nada práticos para os agricultores quando aplicados em áreas muito extensas por conta da necessidade de altas dosagens, o que encarece a produção e gera impactos ambientais negativos. Além dos tratamentos químicos das variedades, o produtor pode investir nas plantações alternativas nos períodos de entressafra, como a crotalária, espécie que funciona como armadilha para eliminar nematóides. A adoção do plantio direto na palha também é uma boa medida, assim como o cultivo de plantas que são mais resistentes aos fitoparasitas.
— Os níveis aceitáveis, que não causam danos à lavoura, para nematóides Meloidogyne são de 50 a 250 indivíduos. Com o Pratylenchus, temos notado que, com a densidade de até 200 indivíduos por cada 100g de solo, o produtor mantém a lavoura sem problemas. Quando esse índice aumenta para 200 a 800, começamos a perceber a desuniformidade da plantação. Com 2 mil indivíduos, a produção já apresenta queda. E, em casos extremos, como no Estado do Mato grosso, temos lavouras com a presença de mais 20 mil nematóides, o que torna as áreas impraticáveis para o cultivo da soja — destaca o fitopatologista da UFMT, completando que os danos são mais evidenciados em solos arenosos por conta da ausência de fungos antagonistas existentes em terrenos argilosos.
Dia de Campo
Fonte: Expresso MT