Por Xeyla Oliveira
Valor agregado de Certificação do Comércio Justo rendeu a Cooperativa de Desenvolvimento Agroindustrial Potiguar (Coodap) fechamento de contrato com rede de supermercados da Inglaterra.
Agricultores do Rio Grande do Norte que investiram na produção de melão certificado começam a colher bons resultados negociando o produto com a Inglaterra. Enquanto no Brasil o quilo da fruta rende ao produtor cerca de R$ 0,50, na Europa o retorno é pelo menos duas vezes maior. Nos supermercados ingleses, o melão brasileiro é vendido a £ 2,5/kg, o equivalente R$ 7,00 – no Brasil o consumidor paga em média R$ 2,50/kg.
A Coodap é responsável por abastecer uma parcela desse exigente mercado. Recentemente o grupo conquistou a certificação em Comércio Justo. É o primeiro caso no mundo de certificação de melão.
Em setembro de 2009, a Coodap conquistou a Certification for Development (Certificação para o Desenvolvimento) concedida pela Fairtrade Labelling Organizacions (Flo-Cert). A certificação abriu as portas do mercado europeu, conta a presidente da cooperativa, Maria do Socorro. “Passamos a produzir produto de maior qualidade e com preocupação do uso sustentável dos recursos naturais”, explica. Por trabalhar com certificação de Comércio Justo, a cooperativa ganhará dez centavos de dólar a cada quilo vendido. O valor deverá ser aplicado em projetos sociais.
Ainda de acordo com Maria do Socorro, foi por meio do Sebrae que os vinte cooperados, que vivem na comunidade de Pau Branco, área rural em Mossoró (RN), passaram a conhecer com profundidade o conceito de comércio justo e a certificação Fair Trade. O Sebrae investiu R$ 70 mil para apoiar a cooperativa no processo de certificação do melão. Esses valores também foram investidos em capacitações, missões e consultorias.
Made in Mossoró
A qualidade da fruta e a certificação de Comércio Justo renderam a Coodap fechamento de contrato com uma rede de supermercados da Inglaterra. O grupo inglês encomendou de imediato dez contêineres, com 20 toneladas cada de melão in natura. Desses, seis já foram entregues. O trabalho de logística é feito por uma empresa de trading – que realiza diversos tipos de importações e exportações de produtos. As frutas saem do porto de Natal e seguem de navio em contêineres refrigerados. O trajeto Brasil/Inglaterra dura cerca de 15 dias.
Os longos dias de viagem não comprometem a qualidade das frutas, segundo Maria do Socorro. Em dezembro ela viajou para a Inglaterra e conferiu de perto a chegada das frutas e verificou a aceitação do produto. “A fruta chegou em perfeito estado. Para garantir isso, tomamos uma série de cuidados. É feito o tratamento pós-colheita e um rigoroso processo de seleção, evitando o envio de frutas com pancadas ou arranhões, aspectos que podem comprometer a qualidade das outras frutas”, explica.
Na avaliação da presidente, a venda da fruta no mercado interno não é vantajosa. Para se ter uma idéia, o quilo do melão vendido no Brasil rende ao produtor aproximadamente R$ 0,50, sendo passado para o consumidor a R$ 2,50 o quilo. A mesma fruta é vendida aos ingleses por mais que o dobro e repassado ao consumidor por cerca de 2,5 libras, ou seja, a R$ 6,88.
Missão técnica
A satisfação dos britânicos com relação ao melão brasileiro será conferida de perto por uma missão técnica do Sebrae, entre os dias 30 de janeiro e 14 de fevereiro. O grupo será formado por gestores que atuam com projetos de fruticultura, diretoria técnica do Sebrae/RS, representantes do Ministério da Agricultura e Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
“A missão irá levantar informações de mercado, prospectar novos compradores para participar de rodadas de negócio, conhecer novas exigências e tendências de mercado, entre outros”, explica a coordenadora nacional da carteira de Fruticultura no Sebrae, Léa Lagares.
A missão também visitará o porto de Roterdã, na Holanda, considerado o mais moderno e um dos mais movimentados terminais portuários do mundo, e participará da Fruit Logística, maior feira do mundo no setor, que acontece na cidade de Berlim, na Alemanha.
Claudio Vagner é gestor da carteira de Fruticultura no Sebrae/MG e um dos integrantes da missão. Ele explica que sua missão é trazer para Minas Gerais o que tem de tendência nos níveis de feira e de mercado, e identificar novos compradores para a Manga Palmer e o Lima Tahiti, produção predominante no Norte do Estado. Ambas as produções já abastecem paises da Europa e “têm potencial para avançar mais”, afirma Claudio.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias