Negócios: Del Monte suspende produção de melões

A decisão foi adotada devido à redução do preço do melão em países europeus para onde a fruta é exportada (Foto: Silvana Tarelho)

Por Carlos Eugênio

Com a crescente desvalorização do dólar e do euro frente ao real e com a retração do mercado de frutas europeu, a empresa Del Monte informou que não irá produzir melões e melancias na próxima estação, que se inicia em agosto próximo, no Interior cearense. “Estamos suspendendo, temporariamente, a produção de melão”, confirmou na tarde de ontem, o gerente Jurídico da Del Monte e presidente da Câmara Setorial da Fruticultura do Ceará, Newton Assunção.

Com a medida, a empresa, instalada no município de Quixeré, na região do Baixo Jaguaribe, deixará de contratar 2.800 trabalhadores rurais, que, anualmente, no período de agosto a janeiro, são engajados na produção de melões Amarelo, Cantalupe (japonês) e Pele de Sapo e de melancias com e sem sementes, para exportação. Segundo ele, a cada safra, a Del Monte produzia cerca de 3,25 milhões de caixas de melões, em 1.300 hectares irrigados que a empresa mantém em Quixeré.

No ano passado, a empresa já havia suspendido a produção de abacaxi e mantém, agora, apenas a produção de banana Nanica, também para exportação. São 250 hectares no Interior cearense e mil hectares, no Rio Grande do Norte.

Conforme explicou, a decisão de suspender a produção de melão foi adotada a partir de instruções do setor de Divisão do Comércio Europeu da empresa, devido “a redução do preço” do melão e da melancia na Holanda, Alemanha, Itália e Englaterra, países para onde as frutas cearenses, produzidas pela Delmonte são exportadas. “Não temos plano de produzir para o mercado interno”, descartou Assunção, sinalizando que a produção só deverá voltar ao normal, na próxima safra, “se o preço das frutas voltar a subir na Europa”.

Banana

Com produção de 3,5 milhões de caixas de banana Nanica, também totalmente voltada ao mercado europeu, a Del Monte aguarda, agora, pela celebração de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, para que possa ampliar a produção de banana. Segundo ele, que se encontra em Brasília, para acompanhar as negociações no Itamaraty, o acordo prevê a isenção de tarifas para 120 mil tonelada de banana/ano.

“Se a medida passar, vamos poder economizar com tarifas (impostos de exportações”) de três euros por caixa de banana, o equivalente a 176 euros por tonelada”, explicou Assunção. Com isso, acrescentou, a “Del Monte terá condições de “quadruplicar a produção de banana, o que será muito bom para o Ceará e para o Brasil”.

O executivo explica que o acordo é restrito à banana, cujo preço mantém-se estável na Europa. Outra vantagem é que a banana pode ser produzida no Ceará o ano inteiro. “A banana é uma fruta perene”, frisa Assunção, informando a empresa emprega cerca de 500 trabalhadores na cultura.

Fonte: Diário do Nordeste