Novas pesquisas mostram a importância da vitamina K na coagulação

A vitamina K é necessária para ativar uma das principais proteínas dos ossos e tem ação anti-hemorrágica, estimulando a coagulação


Hortaliças são uma importante fonte de vitamina K

Hortaliças são uma importante fonte de vitamina K (Getty Images)

No frio, a tendência é que as saladas sejam deixadas de lado e priorizemos os alimentos quentes. Mas as verduras devem continuar sendo consumidas pois são ricas em vitamina K. O nutriente é importante especialmente para pessoas medicadas com anticoagulantes: pacientes que já passaram por algum evento cardiovascular importante, como enfarte, trombose e acidente vascular cerebral (derrame), por exemplo.

A nutricionista Silvia Custódio, professora da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal Fluminense (UFF), estudou a interferência da vitamina K na coagulação sanguínea em sua tese de doutorado, defendida na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em 2001. Foi nessa época que ela fez contato com o Laboratório da Vitamina K, um centro especializado em estudos sobre o nutriente que fica na Universidade Tufts, em Boston (EUA).

Após nove anos de novos estudos, Silvia acaba de escrever um artigo, ainda inédito, que propõe a revisão das propriedades do nutriente. “Já se falou bastante sobre a relação da vitamina K com a coagulação e, agora, a discussão é sobre as novas funções que os pesquisadores têm atribuído a ela. A mais recente linha de pesquisa indica que a vitamina K teria um efeito benéfico para o coração por inibir a calcificação vascular, ou seja, a formação de placas endurecidas nas artérias, que contribuem para o entupimento delas”, esclarece.

Segundo a pesquisadora, a vitamina K aparece nos estudos internacionais relacionada ainda à manutenção dos ossos. Isso, segundo ela, pode mudar a indicação de consumo do nutriente feita pelos nutricionistas: 120 microgramas (mcg) por dia para homens adultos e 90 mcg para mulheres. “Esses dados se referem ao equilíbrio da coagulação sanguínea. Estima-se que a ingestão, para garantir a saúde óssea, deva ser até quatro vezes maior”, diz.

A vitamina K, explica Silvia, é necessária para ativar uma das principais proteínas dos ossos, a osteocalcina. Já na coagulação, interfere por ter ação anti-hemorrágica, estimulando a coagulação. “É por isso que, em usuários de anticoagulantes, controlar a ingestão de vitamina K é tão importante. O ideal é que o consumo de alimentos ricos nessa substância seja constante, em quantias semelhantes todos os dias, para manter a coagulação equilibrada. É uma preocupação pertinente sobretudo no inverno, quando o consumo de vegetais costuma cair”, comenta a nutricionista Viviane Ferrari, que também investigou a vitamina K em sua dissertação de mestrado, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

A nutricionista Camila Leonel, mestre em nutrição pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ressalta que a vitamina K é lipossolúvel e, portanto, depende das gorduras ingeridas na alimentação para ser absorvida. “É por isso que, em dietas muitos restritivas, praticamente sem gordura, pode haver uma carência desse nutriente”, ensina. Segundo ela, o consumo de suplementos também pode interferir no aproveitamento da vitamina K. “Se a pessoa ingerir uma dose aumentada de vitamina A ou de vitamina E pode haver uma diminuição do aproveitamento da vitamina K, já que esses dois nutrientes também são lipossolúveis e competem no corpo pelo mesmo ponto de absorção no intestino”, explica.

De acordo com Camila, a vitamina K também é produzida por bactérias que vivem no intestino humano, mas de forma reduzida. “A principal fonte ainda é a alimentação. O ideal é que se consuma de três a cinco porções por dia de folhosas, frutas ou hortaliças. No caso das folhas, uma porção equivale a um prato de sobremesa”, diz.

Fonte: Revista Veja / *Com informações da Agência Estado