A orquídea só não floresce nos Polos. Especialistas calculam que há mais de 35 mil espécies no mundo
Quem se apaixona por elas está perdido – elegantes e delicadas, orquídeas cativam tão somente pela beleza, pois não têm outra função além da ornamental. Cultivá-las, dizem os aficionados, é treinar o tato, a visão e o olfato para apreciar o que a natureza tem de mais espetacular e singelo ao mesmo tempo. “É treinar também a perseverança para estar sempre em busca de uma espécie nova”, ressalta Júlia Meyer Pflug, neta e filha de orquidófilos, conhecedora do assunto e dona do Orquidário Morumby, que existe há 27 anos.
Entre milhares de vasos, dispostos em bancadas no enorme galpão com jeito de fazenda, no bairro do Campo Belo, em São Paulo, Júlia ensina que há cerca de 35 mil espécies de orquídeas. “Mas não se pode dar um número certo”, diz ela, “pois novos tipos aparecem a toda hora, como resultado de cruzamentos em laboratório. São as híbridas, e os especialistas ficam loucos quando surge uma raridade.”
Com exceção dos Polos Norte e Sul, orquídeas dão no mundo todo, mas preferem os trópicos. Andróginas, habitam o topo das árvores, mas não são parasitas: apenas as utilizam como apoio para buscar luz. “O maior número de espécies, de diferentes formas, cores e tamanhos, se encontra nos países na linha do Equador”, diz Júlia. “A Ásia e a Austrália são quase imbatíveis em volume.”
Associações de orquidófilos existem no mundo todo. Os sócios trocam informações sobre cultivo e expõem coleções. Em São Paulo, a Sociedade Bandeirante de Orquídeas existe desde 1946. O presidente, Rafael Galati, de 32 anos, conta que começou a colecionar orquídeas aos 8 – e não parou mais. Ele e os demais sócios da entidade se reúnem todas as terças-feiras à noite, no salão de um convento no Alto da Boa Vista. “Nessas reuniões, levamos plantas em flor para serem apreciadas e comentadas.”
A tendência, segundo os colecionadores, é colocar em vasos pequenos flores em abundância. “Esse costume vem do Japão”, diz Júlia. “A Dendrobium, que também é chamada de Olho-de-Boneca e tem uma haste com muitos botões, está na moda por sua durabilidade e variedade de cores.”
Júlia diz que, aqui no Brasil, as espécies mais conhecidas são a Phalaenopsis (com flores brancas e hastes longas, e que se costuma dar de presente); a Cattleya, símbolo do romance entre Charles Swan e Odette na obra Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust; a Oncidium, ou Chuva-de-Ouro; a Cymbidium, uma das poucas que podem ser colocadas na terra, e a Laelia.
Cultivar orquídeas pode não ser difícil, mas ter um orquidário em casa, como a família Gouveia, na novela Passione, da TV Globo, é outra história. O paisagista Gilberto Elkis construiu uma estrutura de ferro e vidro, em estilo inglês, a pedido de um cliente para quem havia feito um jardim. “O importante foi pensar na iluminação e na ventilação, por isso, as janelas são basculantes”, explica Elkis. “Trouxe alguns vasos e outros são da própria dona da casa, que costuma replantar as flores que ganha de presente.” Ao lado do orquidário, algumas espécies se enroscam no tronco de uma samambaiaçu. “A beleza de quando florescem é inigualável.”
DICAS DE CUIDADOS E CULTIVO
Espécie
O primeiro passo é a identificação correta do tipo para atender às suas necessidades naturais
Modo de plantar
Para quem mora em casa e tem jardim, o mais adequado é cultivar a orquídea em árvore
Raízes saudáveis
A planta tem que estar firme no vaso. Se balançar, é porque sua raiz não está saudável. O problema pode ser solucionado com o replante
Iluminação
Orquídeas precisam de luz, mas nunca de sol direto. O ideal é mantê-las à meia sombra. Folhas amarelas indicam excesso de luminosidade
Rega
A rega, de preferência de manhã ou no final da tarde, tem de ser adequada a sua casa. Molhe o vaso generosamente e deixe escorrer bem a água. Só volte a adicionar água quando o substrato estiver quase seco
Sem terra
Orquídeas vão muito bem em apartamento porque, salvo raras exceções, não são cultivadas na terra, mas em vasos com substratos como chips de coco, musgo, carvão de bambu e casca de pinus
Adubação
As mudas podem ser nutridas com adubo orgânico, sempre em doses homeopáticas. O melhor é pedir informações na hora da compra
CURSOS, REUNIÕES E EXPOSIÇÕES
Setembro
Dias 4, 11, 18 e 25
O Orquidário Morumby promove curso de iniciação à orquidofilia. As aulas acontecem aos sábados, das 13 às 18 horas
Dias 17,18 e 19
A Associação Orquidófila de São Paulo realiza exposição, na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, na Liberdade, onde tem sede. A entidade, que existe há 40 anos, faz reuniões aos domingos e publicou o livro Orquídeas – Manual de Cultivo (R$ 60 o primeiro volume e R$ 70 o segundo, na Livraria Cultura)
Outubro
O Orquidário Morumby , que há cinco anos reúne aficionados às quintas-feiras, lança (em data a ser definida) um portal na internet sobre o assunto. O conteúdo já pode ser consultado na sede do orquidário
Durante todo o mês, quem levar ao Orquidário Morumby 1 kg de alimento não perecível ou uma muda de qualquer planta ganha o replante de uma orquídea e dicas de cultivo. O vaso e a flor devem ser levados de casa.
Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo