Pesquisa mostra que orgânicos ainda são pouco consumidos no país

Estudo divulgado esta semana mostra que 42% dos entrevistados nas principais capitais do país nunca adquirem este tipo de produto

Por Cristiano Dalcin

O Dia Mundial da Alimentação é comemorado neste sábado, dia 16. É uma data em que os produtos orgânicos são sempre lembrados como a alternativa mais saudável para o consumo. O mercado cresce ano a ano no Brasil, mas ainda está distante da maioria da população.

Apesar do crescimento, um estudo divulgado esta semana mostra que 42% dos entrevistados nas principais capitais do país nunca adquirem produtos orgânicos. Nas classes C e D, o índice é ainda maior: 52% nunca compram este tipo de alimento.

Quando o produtor rural José Mariano Matias começou este trabalho, existiam poucos produtores de orgânicos e um universo de consumidores para ser conquistado. Quase duas décadas depois, muita coisa mudou. De acordo com o IBGE, já são 90 mil agricultores como ele no país.

– Nestes últimos dois anos, nós temos uma certificação pela Ecovida e pela Imo, que são duas certificadoras que participam dando assistência técnica e também são duas entidades que acompanham esse trabalho. Então, o trabalho da certificação só veio confirmar esse trabalho que há 18 anos nós vínhamos fazendo – conta Matias.

Agora, três famílias trabalham com ele na produção de alimentos que são vendidos em feiras e lojas da região metropolitana de Porto Alegre. Além dos legumes e verduras, a produtora rural Marines Riva prepara pães e biscoitos em uma padaria que também recebeu a certificação orgânica, um processo de auditoria de origem dos produtos desde a o plantio até chegar ao consumidor final.

– Nós começamos com três produtos. Hoje já temos 53 produtos. A cada ano, nós percebemos assim o quanto nós vamos aumentando a produção pela demanda que se tem. Eu diria assim que nós não estamos conseguindo suprir toda a demanda que temos porque os pedidos são muito maiores que a nossa capacidade de produção – diz Marinês.

Os produtores de Viamão, município vizinho a Porto Alegre (RS), reconhecem que o preço de venda nos supermercados ainda é muito alto, mas apostam que com o crescimento do número de produtores, o consumo deve atingir as classes mais baixas, principalmente por causa das vantagens da alimentação orgânica.

– Para o produto da agricultura química é usado muito fertilizante químico que é solúvel e o produto, a hortaliça ou a fruta cresce muito rápido, absorve muita água e tem menos nutrientes. Então, por isso até a gente vê que o sabor de um produto orgânico, ecológico, é diferente, é muito mais forte, sente melhor o sabor de uma fruta ou uma verdura produzida ecologicamente, ou mesmo um ovo de galinha, essa é a diferença – diz a agrônoma Cláudia Bos Wolff.

Dos ovos ao mel, toda a produção que sai do sítio é orgânica. As galinhas são tratadas com uma ração especial, feita com soja, milho, trigo, arroz, tudo plantado sem aditivos químicos. Até o talo de bananeira funciona como vermífogo natural para as aves. Tanta preocupação é reconhecida por quem compra os produtos pensando no meio ambiente e em uma alimentação natural.

– Os consumidores eu vejo que estão bem mais exigentes, estão indo nas propriedades, verificando o que realmente o produtor está produzindo, estão indo in loco pra ver que tipo de manejo o produtor está realizando isso. Isso que eu verifico que é um dos pontos mais positivos que é o próprio consumidor estar certificando o meu produto como é que ele é feito e como é que ele é realizado – diz o produtor rural Edson Garcia.

Fonte: Canal Rural