Uma pesquisa inédita sobre a agrobiodiversidade em quintais urbanos de Rio Branco mostrou que o hábito de cultivar plantas no quintal de casa tem implicações em diversos aspectos da vida das famílias.
O assunto foi tema de dissertação apresentada pelo engenheiro agrônomo Thiago Delunardo para conclusão do curso de mestrado em Produção Vegetal da Universidade Federal do Acre. O trabalho investigou os tipos de plantas presentes nos quintais acrianos, com o objetivo de analisar a diversidade florística existente nestes ambientes, identificando as espécies mais plantadas e tendências de cultivo.
“Essa diversidade assume funções distintas na vida famíliar nos aspectos social, econômico, ambiental e cultural. A presença da área verde proporciona clima e paisagens mais agradáveis ao redor da casa, trazendo bem estar para os moradores”, explica Delunardo.
O estudo, orientado por Amauri Siviero, pesquisador da Embrapa Acre, teve a participação de 134 famílias de três bairros da capital acriana: Aeroporto Velho, Novo Horizonte e Placas. A escolha das residências contou com o auxílio de mapas cartográficos e imagens de satélite, visando garantir a aleatoriedade do processo e a isenção dos resultados. A pesquisa identificou e documentou 288 espécies, entre plantas ornamentais, alimentares, medicinais e plantas de uso mágico.
Além das espécies vegetais existentes em cada quintal estudado, também foram investigados aspectos socioeconômicos dos moradores, para traçar um perfil dos participantes da pesquisa, incluindo, entre outros dados, a origem das famílias. Os resultados revelaram que o maior volume de plantas se concentra em famílias que já viveram no meio rural.
Para Siviero, o cultivo de espécies vegetais como prática urbana é uma forma de manter o vínculo com o meio rural. Entretanto, a maioria das famílias prioriza o cultivo de espécies ornamentais e isto se explica pela preocupação em manter o ambiente mais agradável aos olhos.
De acordo com Delunardo, os resultados da pesquisa confirmam esta tendência, já revelada em estudos anteriores. As plantas ornamentais representam 43,2% das espécies identificadas no estudo, seguidas das espécies alimentares olerícolas, frutíferas, medicinais e plantas de uso mágico. Hortência, Boa Noite e Árvore da Felicidade estão entre as espécies ornamentais mais cultivadas.
“A importância da agrobiodiversidade se materializa no grande número de espécies vegetais encontradas nos quintais urbanos. Estes ambientes proporcionam melhores condições de saúde e soberania alimentar, gerando mais qualidade de vida para as famílias. Além disso, contribuem para a conservação genética de espécies e manutenção de conhecimentos tradicionais”, afirma.
Fonte: Globo Rural Online