Entremeando a pauta, as dificuldades enfrentadas pelos produtores para ter acesso a sementes orgânicas e, dessa forma, cumprir a norma do MAPA que permite o uso de sementes convencionais para o cultivo orgânico só até dezembro de 2013. Uma questão problemática, na opinião de produtores da região, como Ismar Cortes. Para ele, todos os produtores, sejam orgânicos ou não, sofrem com a pouca disponibilidade de sementes. No caso de orgânicos, bem pior. “É hora de todo mundo se organizar e partir para produzir”, receita.
Sobre a questão, o coordenador de Agricultura Orgânica e Agroecologia do MAPA Rogério Dias lembrou que no primeiro marco legal não havia a restrição; no segundo, foi criado o caminho para a obrigatoriedade ao se dispor o prazo de cinco anos para isso; e o terceiro e último formaliza o cumprimento da norma até o final do ano. Ele informa que apesar das dificuldades, o prazo não será prorrogado. “Estamos estudando várias alternativas, mas não adianta adiar, é preciso resolver entraves, como o acesso à base genética para produção de semente orgânica”, discorreu Dias, para quem “o Distrito Federal tem todos os requisitos para fazer a diferença na produção de sementes”.
O potencial da região também foi apontado por Roberto Carneiro, da Emater-DF. Segundo o técnico, existem na região 100 agricultores certificados, 120 com base ecológica pronta, 200 em transição avançada para conversão para orgânicos e 1.000 agricultores que já adotam práticas agroecológicas. Para consolidar esse cenário, ele recomenda mais ações institucionais, a exemplo do seminário. “Se nos organizarmos enquanto instituições, e os agricultores como categoria, vamos longe”, aposta Roberto, que não vê problemas de falta de recursos. “Temos recursos para pesquisa, capacitação e assistência técnica e para montar unidades demonstrativas, é só nos unirmos”.
PESQUISA
O papel da Embrapa Hortaliças, como instituição de pesquisa, foi lembrado pela maioria dos participantes, a exemplo do produtor Joe Valle, dono da fazenda Malunga, referência em produção orgânica na região. “Ela é fundamental para que possamos atender a essa demanda expressiva por sementes, e para isso é preciso que haja projetos de pesquisa direcionados para o desenvolvimento de plantas no sistema orgânico. Sentimos muita falta de materiais que possamos plantar e multiplicar”, anotou.
Com a palavra, o pesquisador e chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia Warley Nascimento, que reconheceu os entraves. “A Unidade tem contribuído, mas ainda necessitamos de mais ações; não só na geração de cultivares mais adaptadas, como também no desenvolvimento de mais tecnologias na produção de sementes para esse sistema. E o banco de germoplasma seria um instrumento para isso, mas a priori não nos é permitido repassar esse material. Acredito que a partir do reconhecimento e discussão dessas demandas, possamos trabalhar para formalizar esse acesso através de instrumentos legais”, avaliou.
Para a pesquisadora Mariane Vidal, coordenadora do seminário, essa é uma questão nova que está sendo colocada para a Embrapa. Na sua opinião, a participação da Unidade passa a princípio pelo melhoramento de espécies de hortaliças para o sistema orgânico. “Hoje não fazemos, mas precisamos pensar nisso”. E o seminário, segundo ela, teve um importante papel para adequar as responsabilidades. “Vamos sair daqui com um cenário bem mais propositivo, a partir da identificação das demandas aqui discutidas”.
Também como participantes do seminário o agrônomo Fábio Lopes, do Centro de Agricultura Alternativa (CAA/MG), e Aldair Gaiardo, da Bionatur (RS) que relataram experiências exitosas de produção orgânica em seus estados. No mesmo contexto, destaque para o produtor Crismarino Eleutério, do Distrito Federal, que há oito anos produz semente orgânica de tomate “para consumo e para quem precisa”.
Anelise Macedo (MTB 2749/DF)
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