Setor agrícola perdeu R$ 60 mi com as chuvas

As chuvas que devastaram diversas cidades pernambucanas no mês passado resultaram em um prejuízo para a agricultura pernambucana de mais de R$ 60 milhões. O balanço foi divulgado ontem pela Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária (Sara) de Pernambuco. Os maiores estragos foram provocados na Zona da Mata Sul, região que compreende a maior parcela de municípios em estado de calamidade pública, como Barra de Guabiraba, Barreiros e Palmares.

Lá, além da destruição de estradas vicinais que ameaça o escoamento da produção de cana-de-açúcar para as usinas na próxima safra 2010-2011, que começa em setembro, plantações de menor porte foram duramente atingidas. Já no Agreste, apesar dos danos terem sido menores, há preocupação quanto às dificuldades para transporte de leite dos produtores de cidades que compõem a bacia leiteira do Estado, em especial, Bom Conselho. Isso porque estradas também foram danificadas pela força das águas.

Estimativas mostram que foram perdidos na Mata Sul 2 mil hectares (ha) plantados de banana, 400 ha de batata-doce, 50 ha de hortaliças (cenoura, coentro, alface crespa e lisa, pimentão e cebolinha), 1.100 ha de mandioca e 5.600 ha de cana.

Para tentar reverter os impactos negativos, o secretário de Agricultura e Reforma Agrária, Ranilson Ramos, apresentou um projeto de socorro ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

No primeiro, foi discutida a possibilidade de financiamentos individuais para os pequenos produtores se reerguerem e a renegociação de algumas dívidas agrárias. “A solicitação foi de R$ 3.500 por família e a previsão é que a resposta do MDA saia até a semana que vem”, afirmou Ramos. Na Embrapa, a discussão girou em torno do fornecimento de mudas das culturas perdidas.

Para as obras de infraestrutura, será enviado ao MDA o estudo que o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) e o Instituto de Terras de Pernambuco (Iterpe) vêm realizando. A pesquisa contempla os 27 assentamentos atingidos, bem como as estradas, barragens e casas danificadas. O MDA quantificará os danos para calcular as verbas que serão destinadas à reconstrução desses locais.

O levantamento das perdas continua. A operação de diagnóstico da destruição na agricultura familiar do Estado está a cargo do IPA, que já contratou 30 veículos de tração para facilitar o acesso dos técnicos às regiões mais afetadas – tendo em vista que em 90% das áreas atingidas pelas enchentes as estradas vicinais foram totalmente destruídas.

O IPA também ficará responsável pela elaboração de projetos para as linhas de crédito que integram o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e outras linhas emergenciais.

Os prejuízos podem ser ainda maiores que o anunciado pela Sara, pois não foram contabilizados os danos causados aos imóveis e outras estruturas nas propriedades rurais. O levantamento contemplou apenas as áreas plantadas.

Fonte: Jornal do Comércio