Sistema de produção agroecológica é replicado no Brasil e em países africanos

Boas experiências surgem para serem disseminadas. Assim tem ocorrido com o sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), tecnologia social implementada pelo Sebrae e parceiros. Atualmente, o PAIS está implantado em sete 7 mil unidades espalhadas pelo Distrito Federal e 21 estados.

A tecnologia tem chamado a atenção de instituições nacionais, como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Exército Brasileiro. A experiência também tem atraído o interesse de outros países, principalmente daqueles que sofrem com a questão da desnutrição, como Moçambique e Senegal.

Este ano o Exército convidou o Sebrae para reforçar as ações do Programa Sargento Agrário. A instituição identificou no PAIS objetivos comuns a esse programa do Exército que já vinha sendo trabalhado com comunidades ribeirinhas do Amazonas. O Sebrae terá a missão de repassar a tecnologia para os sargentos agrários, profissionais com formação técnica agrícola, que atuam nos 28 Pelotões de Fronteira (PEF) na Amazônia. Atualmente, há 32 sargentos aque trabalham em dupla. Onze pelotões já possuem unidades do PAIS.

A idéia será repassar conhecimentos técnicos, insumos e materiais para que as comunidades próximas aos pelotões passem a plantar seu próprio alimento e vendam o excedente para o Exército. O Sebrae também trabalhará com as famílias os temas empreendedorismo e gestão.

“Com a ajuda do PAIS, os agricultores familiares poderão ter acesso, não apenas a uma dieta mais rica, mas também, à inclusão social e à geração de renda em sua comunidade. A comercialização dos produtos promoverá a permanência do homem no campo e ampliará sua capacidade de contribuir para o desenvolvimento sustentável do local”, disse o general Marco Aurélio, da 12ª Região Militar – Comando Militar da Amazônia.

O comprovado sucesso do PAIS criou a possibilidade de transformar essa tecnologia social em política pública nacional, a ser replicada em todas as regiões brasileiras. Para isso, deverão ser utilizados recursos previstos no orçamento da União para 2010.

NOVA ALTERNATIVA

Ao visitar uma das unidades do PAIS presentes em um dos Pelotões de Fronteira do Exército, representantes do Incra se mostraram interessados em levar a tecnologia para ser implantada, inicialmente, em 100 assentamentos que fazem parte do Projeto Agroextrativista e Desenvolvimento Sustentável. Segundo o chefe da Divisão Fundiária do Incra, José Brito Braga, o primeiro passo será, juntamente com o Sebrae, capacitar o corpo técnico na metodologia do PAIS.

“O programa se encaixa na realidade dos assentamentos. Queremos incentivar os assentados a produzir para consumo próprio e poder vender o excedente em feiras locais e para as prefeituras”, afirma. “Eles vivem com, no máximo, um salário mínimo. Com a implantação do PAIS, acreditamos que a renda dessas pessoas chegue a R$ 600”.

MADE IN BRASIL

Mais de um bilhão de pessoas vivem em situação de subnutrição no mundo. Desse total, cerca de 60% são africanos, segundo relatório divulgado neste mês pela FAO, órgão da ONU para Agricultura e Alimentação. Para tentar amenizar essa realidade, uma missão técnica vinda do Senegal se encontrou neste mês, em Brasília, com o diretor-técnico do Sebrae, Luiz Carlos Barboza. O grupo levará, juntamente com a Instituição, a tecnologia social de Produção Agroecológica, Integrada e Sustentável (PAIS) para o país africano. Inicialmente serão implantadas dez unidades piloto.

A primeira região a ser beneficiada pela tecnologia social será a comunidade de Niyes, próxima a Dakar, a capital do país. No local, estão reunidas 200 mulheres que integram a União Nacional para o Desenvolvimento do Senegal. “Estou esperançosa e feliz por levar essa experiência para o Senegal. A agricultura é alimentação. E a alimentação, para muitos povos, é a libertação”, comentou a representante da comunidade, a senegalesa Ndeye Diama Gueye. Senegal segue o exemplo de Moçambique, que firmou parceria este ano com o Sebrae para também disseminar o PAIS em terras africanas. Já foram treinados na metodologia quatro agrônomos e um técnico agrícola senegalês.

Fonte: Agência Sebrae de Notícias