Temáticas ligadas à gestão e tecnologia marcaram a 20ª edição do Encontro de Viveiristas

Assuntos relacionados à boa gestão dos viveiros, incluindo padronização de procedimentos e a adoção de novas tecnologias foram debatidos pelos palestrantes e participantes

A 20ª edição do Encontro de Viveiristas, realizada no início de dezembro, na cidade Holambra (SP), pela Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM), em parceria com o Instituto Brasileiro de Horticultura (IBRAHORT) e a Associação dos Produtores e Distribuidores de Hortifrúti do Estado de São Paulo (APHORTESP), apresentou várias temáticas importantes sobre a boa gestão dos viveiros.

Com o tema “Gestão de Processos e Tecnologia de Produção em Viveiros”, o evento buscou proporcionar aos participantes uma visão abrangente das tendências e avanços na produção de mudas e cultivo protegido. A programação contou com palestras que foram conduzidas por especialistas renomados, divididas em duas grandes temáticas: “Gestão de Processos” e “Tecnologia”.

Henrique Zaparoli Marques, da Cooperativa Terra Ideal, e Junior Basseto, da Hydroceres, abordaram a “Gestão de Processos” com uma visão que mesclou consultoria especializada e experiência prática. Nos debates, os participantes foram instigados a repensar suas práticas e aprimorar a gestão em seus viveiros.

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Gestão de Processos: desafios e necessidades para a eficiência do negócio

Em sua apresentação, Henrique Zaparoli, da Cooperativa Terra Ideal, introduziu conceitos orientais de gestão aos participantes, inspirados na abordagem da Toyota, que tem como ênfase atender às demandas dos clientes e eliminar desperdícios na produção, abrangendo tempo, matéria-prima, mão de obra, falhas no processo, dentre outros pontos. No caso dos viveiros, ele explicou que “a gestão é orientada pelo Ciclo Fenológico, no qual o sistema de gestão compõe rotinas, processos, softwares e liderança”.

Zaparoli destacou também o conceito “LEAN”, baseado na filosofia da Toyota, que reflete o arrependimento de desperdiçar recursos. “O planejamento é vital para o sucesso operacional, evitando erros e retrabalho. Escrever procedimentos operacionais não é suficiente. É necessário ter a perspectiva de gestor e liderança, compreender como as coisas ocorrem e manter um ambiente organizado. O papel do gestor é aprimorar diariamente a eficiência de suas equipes, pois melhorias incrementais em cada área impactam positivamente no todo. Capacitar a equipe para identificar e resolver problemas é crucial, exigindo investimento em formação” disse o profissional.

Já Junior Basseto, da Hydroceres, tratou em sua apresentação, da importância dos viveiristas buscarem a atualização profissional. “Quantos estão querendo ver o seu negócio crescer e se profissionalizar? Ter tantos viveiristas em um evento como este, reflete esta preocupação. Querer crescer e se desenvolver infelizmente não é para todo mundo, nem todo mundo quer”, disse.

No debate, realizado após as palestras, foi levantada a questão de que o mercado acreditava que os produtores tradicionais iriam se atualizar e suprir a demanda por viveiros mais especializados, com emprego de tecnologia na produção, mas o que se vê são novos players surgindo para suprir essa lacuna. Neste sentido, as discussões apontaram para o fato de que os viveiristas que se especializarem, conquistarão cada vez mais o mercado, que segue exigente. Outro ponto levantado foi que hoje ainda há muitos que só se importam com os custos, por isso, querem cortar gastos para ter mais lucro. Mas não observam os desperdícios presentes em diversas etapas da produção, bem como a necessidade do aumento da qualidade das mudas como uma forma de agregar valor e ampliar a margem de lucratividade na comercialização.

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Novas tecnologias são aliadas da qualidade, eficiência e lucratividade

Nas palestras que trataram de “Tecnologia”, Patrick De Block, da ErfGoed, Regina Breg, do Sítio Kolibri, e Felipe Vilani Purqueiro, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC – Seção de Horticultura), abordaram a viabilidade da implantação de diferentes tecnologias, proporcionando insights valiosos para os participantes.

Patrick de Block, representante da Erfgoed, uma empresa com mais de 60 anos de experiência na produção de mudas enxertadas, destacou em sua apresentação que o cliente está sempre em busca de qualidade, pautando-se por requisitos como uniformidade, vigor, padrão e saúde das mudas. Além disso, de acordo com o profissional, “a confiabilidade, constância e a oferta de preços justos no fornecimento dos produtos também são critérios importantes para os clientes”.

Em sua apresentação, Regina Breg, do sítio Kolibri, compartilhou casos reais da sua produção especializada em Phalaenopsis, destacando a aplicação de alta tecnologia em diversas etapas da produção de mudas. Um dos exemplos dados pela profissional, na ocasião, foi o uso de piso drenante, no qual a água coletada do piso da estufa é direcionada para irrigar. “Coletamos a água do piso da estufa e direcionamos para regar a grama do talude que temos no sítio, para manter o chão na estufa seco e limpo”, ilustrou.

Já Felipe Vilani, do Instituto Agronômico de Campinas, abordou em sua palestra, o potencial da produção de mudas em cultivo vertical indoor, destacando as diferenças em relação ao cultivo tradicional. Ele ressaltou que diversos fatores influenciam esse novo sistema, como hábitos alimentares, mudanças geracionais e, principalmente, as alterações climáticas. O conceito de “Urban Farms”, que envolve a produção em grandes centros urbanos e áreas periurbanas, está ganhando cada vez mais destaque no mercado. “A verticalização proporciona economia de espaço, maximização da produtividade e representa uma ruptura com os métodos convencionais, oferecendo segurança (cultivo sem defensivos), frescor (cultivo dentro da cidade) e produtos diferenciados, como baby leafs e microverdes, por exemplo”, destacou Vilani, na ocasião.

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Visita técnica para conhecer novas tecnologias da produção de flores

No período da tarde, a programação contemplou um momento diferenciado, com a visita técnica ao Rancho Raízes, um grande produtor de flores da região. A iniciativa teve como objetivo mostrar de perto os processos e a aplicabilidade das tecnologias na produção de flores, proporcionando conhecimento prático e relevante.

Ao longo da visitação, os participantes puderam conhecer as estruturas das estufas, os sistemas de controle de temperatura e luminosidade, bem como de irrigação, com aplicação de nutrientes, além de detalhes dos processos de produção de mudas de flores. Na ocasião, especialistas do Rancho Raízes esclareceram as dúvidas e curiosidades dos presentes, em cada etapa da visitação.

A troca de conhecimentos e a integração entre viveiristas, especialistas e produtores durante o 20º Encontro de Viveiristas fortaleceram o compromisso do setor na busca pela excelência na produção de mudas, com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento sustentável da horticultura e floricultura no Brasil.