Imagine um tomate de mesa livre de agrotóxicos. Você logo pode pensar – equivocadamente – que se trata de um produto orgânico. Quem visitar a Vitrine Tecnológica do VII Ciência para a Vida vai encontrar uma estufa com tomateiros sustentados por fitilhos e os frutos envolvidos em sacos de papel. É o Tomatec, um sistema de produção desenvolvido pela Embrapa Solos (Rio de Janeiro/RJ) que garante tomates livres de resíduos de agrotóxicos e menos perdas para o produtor.
Os trabalhos de pesquisa foram iniciados pelo pesquisador José Ronaldo de Macedo em 1994, com o objetivo de promover a conservação do solo e da água nos sistemas de produção do tomate em propriedades em Paty do Alferes e São José de Ubá (RJ). Foram introduzidos o sistema de plantio direto na palha, a fertirrigação, o manejo integrado de pragas (MIP), que racionalizou o uso de inseticidas e fungicidas, e o ensacamento da penca de tomate.
O uso de fitilhos plásticos no lugar das estacas de bambu para a sustentação das plantas permite melhor sustentação e desenvolvimento dos tomateiros, além de aumentar a aeração da lavoura. Outra vantagem do fitilho é que ele pode ser lavado após o uso. Isso não ocorre com os bambus, que eram reutilizados sem qualquer higienização prévia, contaminando as novas lavouras. E com a fertirrigação, que proporciona o uso mais eficiente da água e adubos mais solúveis, houve redução de 40% na taxa de adubação, normalmente elevada nas lavouras de tomate. “O investimento com a fertirrigação e o trabalho com o amarramento dos fitilhos se pagaram com a redução das perdas de frutos colhidos, que de 20% passaram para menos de 1%”, diz José Ronaldo.
O número de pulverizações, que antes chegava a 36 por ciclo produtivo, foi reduzido para cerca de 15 graças ao MIP e ao ensacamento dos frutos. O saco, feito com papel especial, é o mesmo utilizado nas culturas de outras frutas, como pêssego e goiaba. Ele serve como barreira física à passagem dos agrotóxicos, que ficam restritos às folhas do tomateiro. O ensacamento é feito após o início a fase de floração do tomate.
Análises realizadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em 2006 atestaram a ausência de resíduos agrotóxicos no tomate produzido no sistema Tomatec com o acompanhamento da Embrapa. Já em 2009, a Fiocruz examinou tomates produzidos nesse sistema em uma propriedade que plantou 2 mil pés da fruta sem a interferência dos pesquisadores. O resultado novamente foi um tomate consistente, saboroso, de cor bem avermelhada e, o mais importante: livre de agroquímicos, o que diferencia o Tomatec dos tomates produzidos de modo convencional. Isso porque, assim como nas culturas da batata, do mamão e do morango o tomate apresenta grande quantidade de agrotóxicos.
O pedido de registro da marca Tomatec já foi solicitado ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Segundo o pesquisador da Embrapa Solos, a ideia é vincular um preço diferenciado à marca, de modo a assegurar mais renda ao produtor que vender os tomates livres de resíduos agrotóxicos. O trabalho deve ter outros desdobramentos no futuro. “Também queremos trazer a tecnologia para os produtores do Centro-Oeste”, revela José Ronaldo.
Mais informações – ligar para (21) 2179-4536
Fonte: Embrapa Pecuária Sul