Por Flávio Laginski
Saudável e delicioso. Estes são os melhores predicados para se atribuir ao morango, uma fruta de origem europeia rica em vitamina C. Ideal para ser consumido tanto in natura quanto em receitas de bolos, tortas, entre outros tipos de doces, o morango possui diversas propriedades medicinais e evita a fragilidade nos ossos e má formação na arcada dentária. Além disso, por possuir vitamina B5, o fruto evita problemas de pele, aparelho digestivo e sistema nervoso. É encontrado ainda o ferro, fundamental para o sangue.
Para que o consumidor paranaense e também de outros lugares continuem a se beneficiar de suas características e de um fruto cada vez mais livre de agentes químicos, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), em parceria com o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) e a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) está implantando o projeto de Produção Integrada do Morango. O programa faz parte também de um projeto nacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e está presente, além do Paraná, nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Com a coordenação da professora e entomologista Maria Aparecida Cassilha Zawadneak e do professor e fitopatologista Atila Francisco Magar, ambos da UFPR, o principal foco do projeto da produção integrada é o de melhorar o padrão de qualidade do morango paranaense. A entomologista explica melhor do que se trata essa ideia.
“Implantamos esse trabalho no ano passado. Trata-se de algo multidisciplinar, pois envolve conceitos de entomologia, fitopatologia, fitotecnia, saúde ambiental, solos, nutrição das plantas e pós-colheitas. Estamos trabalhando junto aos produtores para que o morango tenha um melhor sabor e que o fruto fique livre de resíduos químicos, físicos e biológicos. Os produtores vão ganhar um selo de certificação que irá agregar um valor ao seu produto. Assim, ganham todos: o meio ambiente, que fica mais livre de agentes químicos, o produtor, que vai receber mais por isso e trabalhar em um ambiente mais saudável, e o consumidor, que vai apreciar um fruto mais saboroso”, afirma.
Zawadneak conta que dois cursos já foram ofertados aos produtores: o de capacitação para reconhecimento de pragas e o de manejo de doenças e controle biológico. Segundo a professora, os agricultores aprovaram a iniciativa e estão conhecendo ainda mais sobre a cultura. “As pragas mais comuns que atacam o morangueiro são o ácaro, o pulgão e a tripes. Elas reduzem a produção ao sugar a planta, que fica estressada e pode até morrer. O que acontece então é o fato de que muitos produtores saem aplicando veneno sem necessidade. Vem daí o estigma de ser uma fruta que é carregada no agrotóxico. Estamos ensinando-os sobre o controle biológico. Todas estas pragas têm predadores naturais, como o ácaro predador, a joaninha e fungos entomopatogênicos. Além de serem eficientes, os inimigos naturais não afetam em nada a planta e o fruto. Porém, com o uso do defensivo, eram os primeiros a morrer. Conscientizando-os e treinando-os para reconhecer os insetos, a redução no uso de agrotóxicos chega a 30%”, informa.
A professora confessa que, de início, os produtores ficaram um tanto quanto inseguros com essa medida. Entretanto, pelo fato do mercado consumidor estar cada vez mais exigente com a qualidade dos produtos, os agricultores então se viram “obrigados” a seguir as rígidas normas do programa, porém, ao perceberem os benefícios que estavam recebendo, acabaram abraçando o projeto. “Eles sabem que, caso queiram vender seus morangos para grandes redes, é preciso investir na qualidade. Alguns supermercados só procuram gente que vende o fruto com certificação.
Fazemos então com estas pessoas uma reeducação total para que elas tomem todos os devidos cuidados com a sua lavoura. Os produtores vêm seguindo a cartilha de normas e estão empolgados com os resultados iniciais”, avalia.
Fonte: Paraná Online