Na região de Campinas, o excesso de chuva não traz só prejuízo para o campo
Para quem gosta do sabor picante deste fruto, a estufa repleta de cores é um ambiente de contemplação. A pimenta chegou de mansinho nas lavouras paulistas e a cada ano confirma o potencial de produção. Só na região de Moruncaba são colhidas cerca de 80 toneladas de diferentes variedades por ano.
Mas em 2010, o manejo tem sido um desafio. Longe das proteções das telas, as fortes chuvas fizeram os produtores arrancar os pés. O empresário Marcelo Cury trabalha com pimentas orgânicas há oito anos pela primeira vez perdeu tudo o que tinha da pimenta vermelha, cerca de 25 toneladas.
“Esse desequilíbrio traz fungos e um deles que acabou com essa lavoura que tinha pimenta vermelha é a Traquinose. Uma doença que primeiro aparece uma pinta preta, depois essa pinta vai se alastrando pelo fruto até estragar o fruto todo”, diz Marcelo.
Como a produção é orgânica, Marcelo não pode tratar o solo e para evitar a contaminação, não vai poder plantar pimenta nessa área por dois anos. A alternativa é a rotação de cultura. “Agora nós vamos colocar cenoura, depois nós podemos colocar beterraba também, berinjela. Tem alguns produtos que a gente faz um consórcio na agricultura orgânica e vendemos parte é usada na industrialização da empresa. E esses produtos que a gente não usa ou o excesso do que a gente vende para as distribuidoras de orgânico”, afirma Marcelo.
Se por um lado houve perdas, por outro a alta umidade e também o calor, deixaram o ambiente perfeito para uma variedade de pimenta que vem da Amazônia conhecida como Murupi. As primeiras experiências aqui no estado São Paulo começaram a cerca de dois anos e desta vez as fortes chuvas proporcionaram o que os produtores chamam de excelência em produtividade cada pé esta produzindo um quilo e meio de pimenta, exatamente como ocorre na floresta amazônica.
O agricultor Marcelino Nogueira trabalha com produtos orgânicos há quinze anos. E há dois começou a plantar a pimenta Murupi. A colheita exige cuidado, os frutos são retirados um por um sem os talos e neste verão a umidade ajudou o produtor. “Com certeza, essa foi a pimenta que a gente conseguiu produzir mais”, diz Marcelino.
A adaptação perfeita ao clima paulista vai permitir um recorde de produtividade. A previsão é colher cerca de cinco toneladas da variedade na região. “A pimenta Murupi é pouco conhecida no Brasil, quem conhece mais é o povo lá na Amazônia. Agora, no exterior ele esta se acelerando bastante, porque as pessoas lá têm curiosidade de ver os produtos que vem da Amazônia, então isso faz com que a pessoa acabe experimentando e vire um consumidor com potencial”, diz Marcelo.
Fonte: Programa Caminhos da Roça (EPTV)