Uma importante bandeira defendida pela Abcsem, o uso de tecnologias disponíveis no setor agrega maior qualidade na produção e proporciona mais competitividade no mercado
Membros da cadeia produtiva de hortaliças, flores e ornamentais se reuniram para atualizar seus conhecimentos na área e debater estratégias para desenvolver e fortalecer ainda mais o setor. O Workshop “Aplicação da Tecnologia: da Semente à Muda”, promovido pela Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (Abcsem), em outubro, na cidade de Jaguariúna/SP, teve como objetivo divulgar informações atualizadas sobre o uso da tecnologia pelas empresas de sementes e afins (beneficiamento e peletização, laboratórios de análises, produtores de insumos, etc.) e sua aplicação prática pelos consumidores (viveiristas e produtores). Palestrantes renomados de diversas áreas de atuação e o público participante bem diversificado – viveiristas, representantes do setor sementeiro, profissionais de análises laboratoriais, de consultorias e de empresas de tecnologia, pesquisadores e estudantes da área, entre outros – discutiram formas de divulgar e tornar mais acessíveis as tecnologias existentes tanto para sementes, quanto para mudas, visando soluções em comum para o setor.
Mudança de atitude
O não aproveitamento do melhoramento genético das sementes foi reconhecido como sendo um grande entrave na produção de ornamentais, flores e hortaliças. Pois, enquanto de um lado as empresas sementeiras não vêem os viveiristas desenvolvendo todo o potencial genético agregado às sementes, na produção de mudas; por outro lado, os viveiristas constatam uma defasagem de orientação por parte das indústrias sementeiras sobre como proceder para elevar ao máximo a capacidade produtiva da semente, já que estas, ao comercializarem as sementes, também comercializam todo o pacote tecnológico embutido nelas.
Constatou-se, sobretudo, que há uma carência tecnológica muito grande no campo, necessitando maior atenção e participação das empresas sementeiras junto aos viveiristas e produtores em prol de um desenvolvimento da cadeia como um todo; enquanto que, com relação aos viveiristas, se faz necessário uma maior conscientização da importância da tecnologia e do diferencial que seu uso poderá agregar à produção. Outra questão comentada foi que ainda os viveiristas, quando fazem uso da tecnologia, não se preocupam em repassar os custos de comercialização de um produto com valor agregado ao mercado, já que entendem que o produtor, que adquire as mudas, não tem interesse no uso da tecnologia, por não ter conhecimento de sua importância e benefícios ao produto final. Em suma, o setor necessita de maior difusão de informações sobre os usos e benefícios da tecnologia, além de união e profissionalismo.
“As tecnologias têm como objetivo facilitar a utilização das sementes, promoverem a sua proteção desde a fase inicial, passando pelas mudas e plântulas, até seu estabelecimento a nível de campo. Tais tecnologias, quando somadas às características genéticas propiciam ao agricultor maiores retornos econômicos e de produção. No Brasil já possuímos empresas especializadas que seguramente trazem o que há de melhor no mundo, contribuindo para o desenvolvimento de uma agricultura saudável e sustentável”, salientou Luis Eduardo Rodrigues, presidente da Abcsem.
Cuidados iniciais garantem desenvolvimento do potencial genético da planta
“Hoje, infelizmente, ainda é pouco reconhecida a importância dos primeiros 10% do tempo de vida da planta, que é o período em que são definidas as suas características, depois disto o produtor não poderá mais intervir, pois se no início não vai bem, a planta apresentará problemas por toda a sua vida”, comentou Edwing Holman da Dessa Consult, em palestra que ministrou sobre o assunto. Isto acontece porque neste período de vida a planta armazena todas as condições de estresse em que foi submetida e repassa estas informações às próximas gerações, que inevitavelmente reagirão como se estivem passando pelas mesmas condições de estresse. E a memória apenas será limpa após três ou quatro gerações. Outro fator importante mencionado por ele foi que o sucesso de produção depende da capacidade da planta de sequestrar carbono. “O sequestro de carbono é o que sobra do processo e a captura de carbono ocorre durante a fotossíntese. Quando mais carbono, maior será a reserva, o vigor e a segurança de não haver aborto das flores ou frutos”, explica. Por isso, é preciso estar atento aos mecanismos de estresse, especialmente referente ao clima e à nutrição. Neste sentido, as análises permitem um maior acompanhamento da dinâmica das plantas.
Modernos sistemas de produção e a questão fitossanitária
“Atualmente, a ênfase do mercado não está mais no produtor, mas sim no consumidor, que está cada vez mais preocupado em saber que tipo de produto está consumindo. E a certificação permite este controle e registro, como por exemplo, no caso dos orgânicos. Portanto, cabe ao mercado estabelecer e pagar os valores necessários pelos produtos que tenham certificação”, afirmou Valmir Duarte, engenheiro agrônomo e consultor do Laboratório Agronômica. Segundo ele, os modernos sistemas de produção permitem a produção de alimentos de alta qualidade ao mesmo tempo em que garantem a sustentabilidade por meio do controle do uso de agrotóxicos e de resíduos e por promoverem a manutenção ambiental. “Assim, o moderno sistema de produção tem que passar, necessariamente, pela sustentabilidade e pelo manejo integrado”, ressaltou Duarte. A busca por produtos de qualidade quer sejam ornamentais, flores ou hortaliças, passa necessariamente por uma escolha criteriosa e consciente de sementes de qualidade. E “é preocupante ver que hoje ainda há muitos produtores fazendo opções incoerentes ao adquirirem sementes de baixa qualidade, devido às questões econômicas e/ou pela falta de disponibilidade da semente, o que acarreta problemas muito sérios no campo. Para que haja sustentabilidade é preciso fazer a escolha correta que começa pela escolha de uma boa semente”, reforça Patrícia de Souza Teló, gerente de Qualidade do Laboratório. Neste sentido, Valmir enfatizou que é importante garantir a qualidade sanitária da semente, por meio de alguns métodos, tais como: exclusão, erradicação, proteção, imunização e terapia.
Substratos: diferenciais da produção
Essenciais para o bom desenvolvimento da planta, os diferentes tipos de substrato devem ser administrados de forma equilibrada, ponderando entre as diferentes características de cada um, com relação à porcentagem de água, solidez e porosidade, conforme orientação do engenheiro agrônomo da Amafibra, Miguel Iannone Júnior. De acordo com ele, a fibra de coco, substrato agrícola destinado à produção de plantas e mudas, apresenta algumas características especiais muito interessantes do ponto de vista técnico e que devem ser consideradas pelos produtores, tais como: baixa densidade, granulometria homogênea, estabilidade estrutural e alta capacidade de retenção de água e aeração. Além disso, “o produto é 100% ecológico, pois a quantidade de cascas de coco descartadas, no processo de extração de água para consumo, que geraria um imenso passivo ambiental, por ser totalmente aproveitada, garante a sustentabilidade do processo de produção e exploração do coco. Mas vale lembrar que o substrato deve ser obtido apenas do coco seco, já que o coco verde ainda passará por um processo de decomposição”, esclareceu o engenheiro agrônomo.
Fatores-chave da produção
José Américo B. Turri Junior, sócio-proprietário da Mena e Costa Consultoria, palestrou sobre os cuidados e acompanhamento dos fatores-chave da produção, entre os quais se encontram a estrutura, nutrição adequada, a qualidade das sementes, da água e do substrato, bem como o controle do ambiente por meio da temperatura, umidade e luminosidade. A concentração de CO² merece uma atenção especial, já que quanto maior for a presença de CO², maior será o crescimento das mudas. O controle de qualidade, que visa a padronização do produto de qualquer lote e em qualquer estação do ano, o bom manejo de pragas e doenças e o investimento em mão-de-obra qualificada, compõem os demais requisitos necessários para garantir qualidade e eficiência na produção.
Os benefícios do valor agregado
A Incotec Tecnologia de Sementes, empresa associada à Abcsem, abriu suas portas para receber os participantes do workshop, apresentando sua estrutura de pesquisa, análise laboratorial e os diferentes processos de beneficiamento que agregam tecnologia às sementes, como: peletização, priming ou pré-germinação e filmcoating. Aplicadas em sementes de hortaliças, soja, milho, algodão, arroz, forrageiras, florestais e flores, estas tecnologias tem como objetivo melhorar a germinação, o vigor, a uniformidade, a quebra de dormências, além de assegurar a plantabilidade (aumento do tamanho da semente facilitando o manuseio e a semeadura de sementes tão pequenas e irregulares quanto às de alface).
*Artigo publicado na edição de Novembro/Dezembro de 2010 da Revista Plasticultura
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