O Rio Grande do Norte fechou os primeiros sete meses do ano com US$ 154,82 milhões (R$ 272 milhões) exportados para outros países e com perspectivas de faturar ainda mais alto a partir deste mês, quando começará a embarcar a safra do melão. A fruta deverá puxar a cifra para cima e ajudar o estado a encerrar o ano com um crescimento entre 8% e 15% no valor total negociado com o mercado externo, segundo projeções de especialistas. De janeiro a julho, a soma negociada pelos exportadores potiguares significou um crescimento de 9,38%, na comparação com o mesmo período de 2009. Nas importações, o valor mais que dobrou, embalado por investimentos para geração de energia eólica, de acordo com dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
No âmbito das exportações, o desempenho registrado para as vendas até julho é considerado positivo, mas poderia ser melhor, não fosse o câmbio, diz o diretor do curso de Comércio Exterior da Faculdade de Ciências, Cultura e Extensão do Rio Grande do Norte (Facex), Saulo Medeiros Diniz. “Abaixo dos R$ 2, o câmbio continua tornando as vendas para o exterior um negócio menos rentável e, por consequência, menos atrativo”, analisa. Mas apesar do faturamento ser reduzido com a moeda desfavorável, o período foi de crescimento para boa parte dos itens exportados, de acordo com o balanço divulgado pelo MDIC.
Entre os 20 produtos cujas exportações ultrapassaram a barreira de US$ 1 milhão, por exemplo, 12 registraram crescimento nas vendas, em relação ao ano passado. O granito, com aumento de 306,11%, e a cera de carnaúba, com alta de 255%, foram os itens, nesse contexto, que mais avançaram. “Nunca se exportou tanta cera de carnaúba do Rio Grande do Norte como agora”, observa o coordenador de Desenvolvimento Comercial da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Otomar Lopes Cardoso Junior. Mudanças na administração de uma empresa do setor em Mossoró foram decisivas para a explosão nas vendas, diz ainda.
Em queda
Enquanto alguns produtos estão em ascensão, outros, como é o caso do camarão, continuam em queda livre, mês a mês, na pauta de exportações do Rio Grande do Norte. Só entre janeiro e julho, as vendas do crustáceo levaram um tombo de 50,90%. O resultado está diretamente ligado à desaceleração da produção da Camanor, a maior exportadora do produto no Brasil, e à decisão do setor de aumentar as vendas para o mercado interno, como forma de driblar as perdas que vinha amargando com o dólar baixo.
No caso da Camanor, a desvalorização do real frente à moeda norte-americana foi um dos fatores que levaram a empresa a vender sua maior fazenda no estado, a Peixe Boi, para se dedicar com mais força ao desenvolvimento de novas tecnologias de produção e ao cultivo de outras espécies marinhas. Com 70% das exportações destinadas à Europa, a fruticultura também sofre com a questão cambial e com a crise que continua retraindo o consumo em importantes países importadores.
Dólar desvalorizado aumenta números da importação
Se o dólar desvalorizado atrapalha os negócios dos exportadores, para os importadores tem efeito contrário e serve de estímulo a novos investimentos, observa Otomar Lopes Cardoso Junior, coordenador de Desenvolvimento Comercial do estado. De fato, entre janeiro e julho, as aquisições realizadas por empresas do estado ultrapassaram US$ 226 milhões (R$ 397 milhões, considerando a cotação do dólar a R$ 1,7570, em vigor ontem). O valor representou um crescimento de 171,21%, em relação a 2009, e foi impulsionado, em boa parte, pela compra de equipamentos para a implantação de parques de geração de energia eólica.
De acordo com os dados do Ministério do Desenvolvimento, só a empresa New Energy Options, que está implantando os parques Alegria 1 e Alegria 2, importou US$ 132,46 milhões (R$ 232,73 milhões) no período. “O estado tem um grande potencial para geração de energias renováveis e a tendência é que os números ligados a esse setor cresçam cada vez mais, se considerarmos que dezenas de parques vencedores do leilão do ano passado serão implantados e que um novo leilão será realizado este ano”, observa Saulo Diniz.
Para Otomar Cardoso Junior, se o ritmo de crescimento das importações continuar, deverá haver um equilíbrio na balança comercial do estado, com as importações, hoje inferiores às exportações, se equiparando ao nível das vendas. “E esse tipo de importação é extremamente positivo para o estado, porque gera dividendos e vai desencadear outras demandas de serviços e produtos, acrescenta ele, lembrando que a implantação de parques eólicos deverá exigir um grande movimento para qualificação de mão de obra e que entidades como o IFRN já estão se preparando para suprir essa demanda. Segundo Lopes, o Instituto deverá abrir um curso específico para formar pessoal especializado nessa indústria, em 2011. O curso deverá funcionar no município de João Câmara, um dos que estão atraindo investimentos em projetos para a geração desse tipo de energia.
De janeiro a julho, o principal país emissor de mercadorias para o Rio Grande do Norte foi a Índia. O principal destino das exportações foi os Estados Unidos.
Fonte: Tribuna do Norte