A água utilizada para irrigação pode servir de veículo de disseminação de doenças em um campo de produção de hortaliças, em especial as de origem bacteriana
O escorrimento superficial da água de chuva ou irrigação em uma campo infectado por bactérias patogênicas, por exemplo, pode contaminar fontes de água à jusante da área irrigada, principalmente aquelas superficiais, como tanques, represas, rios e riachos. Assim, o conhecimento da origem, tanto dentro quanto fora da propriedade, e da qualidade da água é de fundamental importância no controle de doenças em áreas de produção de hortaliças.
Para várias hortaliças, a irrigação no momento correto e na quantidade adequada possibilita ganhos expressivos de produtividade e de qualidade e redução no uso de água, energia e agrotóxicos, enquanto, para outras, pode representar, em curto prazo, apenas pequenos incrementos de produção. Todavia, o horticultor deve ter em mente que irrigação em excesso favorece a disseminação, a multiplicação e a iniciação do processo infeccioso de uma série de doenças, especialmente as bacterioses. Assim, o controle adequado da irrigação, evitando principalmente excessos, é, provavelmente, a medida de controle de doenças com maior eficiência relativa.
É interessante considerar que, muitas vezes, o excesso de água não favorece, de imediato, alta incidência de doenças. O manejo inadequado de água, associado a outros tratos culturais também inadequados, faz com que a quantidade de inóculo aumente gradativamente a cada cultivo, até o momento em que a doença passa a causar perdas significativas de produção. Após atingir esse estágio, a área de cultivo pode tornar-se economicamente inviável para a produção da maioria das hortaliças.
Algumas doenças de solo comuns em áreas irrigadas são: podridão-mole em alface, batata, brássicas, cebola e cenoura; murcha-bacteriana e rizoctoniose em batata e tomate;
murcha-de-esclerócio em tomate; queima-bacteriana em alho e cenoura; podridão-de-esclerotínia em tomate e ervilha; murcha-de-fitóftora em pimentão; hérnia em crucíferas; e nematóides. Irrigações em excesso podem provocar falhas de estande devido à podridão de pré e pósemergência (tombamento) em várias hortaliças.
Além de estar atento para não irrigar em excesso ou em falta, o agricultor deve evitar a formação de pontos de encharcamento no solo, os quais freqüentemente se transformam em focos de disseminação e multiplicação de doenças. As principais causas de encharcamento são: vazamentos de água nas tubulações e válvulas de irrigação, baixa unifor-midade de distribuição de água do sistema de irrigação, drenagem deficiente, depressões no solo e áreas compactadas por máquinas e implementos agrícolas, principalmente quando do cultivo em canteiros.
A baixa uniformidade de distribuição de água, que deve-se ao dimensionamento, operação e manutenção inadequada do sistema de irrigação, faz com que certos locais da área irrigada recebam muito mais água que o requerido pela cultura, propiciando condições favoráveis às doenças.
Embora a maioria das doenças seja favorecida pelo excesso de água, outras encontram condições favoráveis sob irrigação deficitária. Por exemplo: a sarna-comum da batata aumenta de intensidade em solos mais secos, principalmente no início da tuberização; a incidência de oídio é mais severa quanto menos água é aplicada na parte aérea das plantas.
Fonte: Informativo Rural