Avaliar o potencial de espécies de leguminosas como adubos verdes nas condições apresentadas pelo Norte de Minas
Avaliar o potencial de espécies de leguminosas como adubos verdes nas condições apresentadas pelo Norte de Minas, região coberta com 63% de área de Cerrado. Foi com esse propósito que Rômulo Fredson Duarte conduziu a pesquisa que deu origem à dissertação de mestrado defendida no dia 08/07, dentro do programa de Mestrado em Ciências Agrárias da UFMG.
Prática milenar, a adubação verde consiste no plantio de plantas de cobertura do solo, sendo estas incorporadas ou não ao solo, utilizadas na forma de pré-plantio, consórcio ou pós-plantio de culturas anuais ou perenes. Rômulo Duarte explica que essa prática oferece inúmeros benefícios para o solo, como a melhoria dos atributos químicos, ao disponibilizar o nitrogênio (as leguminosas, por exemplo) e matéria orgânica, aumenta a cobertura do solo (evitando a erosão), cria condições para a macro e microfauna, evita oscilações térmicas nas camadas superficiais e disponibiliza nutrientes a cultivos subsequentes.
A sustentabilidade do método passa ainda, como frisa o pesquisador, pela redução dos custos de produção, sendo, portanto, muito adequado à agricultura familiar. “Permite a redução dos gastos com insumos, que são bem onerosos, principalmente para pequenos produtores”, explica Rômulo.
Segundo ele, apesar de muitos agricultores familiares do Norte de Minas já usarem adubos verdes, principalmente através de consórcios com outras plantas, ainda faltam estudos sobre o comportamento de algumas leguminosas manejadas nas condições da região como cobertura do solo na entressafra. E foi na tentativa de suprir essa carência que Rômulo realizou os experimentos na propriedade de um agricultor familiar, na comunidade do Planalto, zona rural de Montes Claros.
Na roça do senhor José Maria Ferreira Leal, no período de entressafra, o pesquisador avaliou o potencial de oito espécies: crotalária, feijão guandu, mucuna-preta, mucuna-anã, mucuna-cinza, lab-lab, feijão caupi e feijão-de-porco. Os experimentos foram realizados de abril a novembro de 2009. “O início dos experimentos coincidiu com o final do período das chuvas, para evitar a necessidade de irrigação”, explica Rômulo.
A escolha das espécies pesquisadas deu-se, em parte, pela boa adaptação à região – como o feijão guandu e o feijão caupi ou catador, que muitos agricultores já mantêm em suas propriedades. Outras plantas foram escolhidas por serem muito usadas como adubos verdes em outras regiões, o que é importante para efeito de estudos comparativos.
Resultados
Os resultados da pesquisa apontaram que a crotalária e a mucuna-cinza foram as espécies que apresentaram melhores potenciais para adubação verde nas condições do Norte de Minas; a primeira foi a de maior crescimento e a última, a que apresentou melhor cobertura de solo. A crotalária destacou-se também com relação aos teores de nutrientes a serem oferecidos ao solo, principalmente nitrogênio, fósforo, cálcio e magnésio. Rômulo explica que são medidos os teores de nutrientes das partes aéreas das plantas, que formam a cobertura do solo depois que as mesmas são cortadas – após atingirem mais de 50% de florescimento.
A análise do solo também foi feita pela pesquisa, sendo realizada 83 dias após o corte das plantas. Foi avaliada uma camada de 10 cm de profundidade e os resultados apontam que houve incrementos significativos quanto ao pH, cálcio, soma de bases e saturação por base (maior disponibilidade imediata dos nutrientes às plantas que serão cultivadas posteriormente) e manutenção da matéria orgânica do solo na maioria das espécies testadas.
Fonte: Assessoria de Comunicação do Instituto de Ciências Agrárias /UFMG