Planta permite que Brasil volte a produzir safrol, importante óleo para a indústria química, que, hoje, é importado da China e do Vietnã
Por Juliana Royo
O safrol é um óleo muito importante para alguns setores da indústria química do País, principalmente para a perfumaria e para o desenvolvimento de inseticidas biodegradáveis. Este óleo era extraído da canela de sassafrás, mas esta extração foi proibida pelo Ibama, na década de 1990, por ser um sistema predatório que estava acabando com a planta sassafrás no Brasil. Desde então, o País passou a importar o safrol da China e do Vietnã, que permitem a extração do óleo da sassafrás. Para acabar com a dependência e voltar a produzir safrol brasileiro, a Embrapa Acre está incentivando o cultivo da pimenta longa, que é uma ótima fonte de safrol.
— A pimenta longa é pimenta, mas não é comestível. Ela é nativa do Vale do Juruá, que fica na Região Norte do País. O teor de safrol encontrado na pimenta longa chega a 97% e o exigido pela indústria química é um mínimo de 90%. Nas folhas e ramos mais finos da planta é extraído o óleo essencial, que é rico em safrol. No espaçamento de 1×1 metro, como é recomendado, ela tem 10 mil plantas por hectare e, com isso, o produtor consegue extrair o óleo por arraste de vapor dessa planta — explica Jacson Rondinelli, pesquisador de genética, melhoramento de plantas e fitotecnia da Embrapa Acre.
O uso da pimenta longa para a extração de safrol traz dois grandes benefícios. O primeiro é o econômico, já que o Brasil não vai mais precisar depender do óleo importado da China e Vietnã e vai passar a produzir o próprio safrol que pode não só suprir a demanda da indústria brasileira como também vai poder servir para exportação. Já existem pequenos produtores que estão trabalhando em parceria com a Embrapa Acre para testar o cultivo da pimenta longa em algumas regiões do País como Centro-Oeste e Sudeste.
— Antes todo o safrol era extraído da canela sassafrás. Quando o Ibama proibiu esse corte na década de 1990, porque estava acabando com as matas no Sul do País, todo o nosso safrol passou a vir da China e do Vietnã. Por isso a pimenta longa é importante, porque seria uma alternativa nossa, do Brasil, da Região Norte, para fornecer o safrol tanto para o Brasil quanto para o mundo. Hoje, existem poucos produtores trabalhando especificamente na extração deste óleo, que estão em fase de teste. Já tem produtores no Estado de Goiás, Rio de Janeiro e Mato Grosso, mas a perspectiva para os próximos anos é muito positiva porque a China e o Vietnã utilizam o sistema predatório de corte para a extração do safrol, então a tendência é aumentar o cultivo da pimenta longa.
A segunda grande vantagem da pimenta longa é o fator ambiental, pois ela tem capacidade de rebrota, após 12 meses, e pode ser usada várias vezes ao longo de anos. Desde que a cultura seja bem manejada, é possível fazer vários cortes de extração sem degradar a planta, como acontecia com a canela de sassafrás. A Embrapa Acre agora estuda tecnologias para desenvolver o cultivo da pimenta longa no Brasil, através de novas cultivares e técnicas de manejo, para que os produtores brasileiros possam competir com o óleo de safrol importado dos países asiáticos e consigam suprir a demanda da indústria química nacional.
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Fonte: Portal Dia de Campo