Fortes chuvas combinadas com o calor intenso são fatores que prejudicam a produção
Por Carolina Santana
As constantes chuvas que castigam o Estado de São Paulo nas últimas semanas provocaram alta nos preços de frutas, legumes e hortaliças. Nas feiras livres de Sorocaba, os consumidores notaram o aumento e procuram alternativas para minimizar o impacto dos preços elevados. De acordo com os feirantes, os produtos estão de 15% a 30% mais altos e a mesma situação é conferida no Mercado Municipal da cidade, onde algumas hortaliças estão em falta. Para o Sindicato Rural de Sorocaba e Região, os consumidores devem buscar locais onde os produtos cheguem mais rápido, garantindo assim, qualidade e preços mais acessíveis.
A aposentada Vanilda Modesto, 71 anos, foi a feira na última quinta-feira mas voltou para casa com o carrinho praticamente vazio. Ela conta que costuma gastar cerca de R$ 20,00 por semana na compra de frutas, verduras e legumes, mas desanimou quando viu os preços. “O mamão que eu pagava R$ 1,50 a bandeja com três, está R$ 3,00. A cenoura também dobrou de preço e de R$ 0,50 está R$ 1,00. Não dá nem coragem”, reclama. Com a duplicação nos preços a aposentada procura alternativas como, por exemplo, trocar batata por mandioca ou laranja por limão. “A gente vai dando um jeitinho. Dona de casa sempre sabe fazer render. Na última hipótese a gente não leva”, brinca.
A professora Marta Fogaça de Barros, 65, também sentiu a alta no preço. “Eu vi que as coisas subiram um pouco. Sempre gasto entre R$ 15,00 e R$ 20,00. Agora aumentou”, comenta. Assim como outros consumidores, a professora, também faz substituições de produtos optando pelos mais baratos. “Acho que a batata e o tomate subiram muito. A cebola também está bem feia. Algumas coisas dá para substituir e outras não”, lamenta.
Altas de 15% a 30%
O feirante Leandro Marques comenta que os preços mais altos foram repassados para o consumidor. Há 15 anos trabalhando com feira livre, ele comenta que o aumento já é esperado em épocas de chuvas e os feirantes também sofrem com isto. Para esta semana ele não comprou abobrinha e vagem. “A abobrinha a gente vendia duas por R$ 1,50 agora cada uma está saindo R$ 1,00 para mim. Nem trouxe. A vagem também está um absurdo e a caixa com cinquenta quilos está R$ 50,00. Também não comprei”, afirmou ele. Os produtos vendidos por Marques são direto do produtor e, segundo ele, a alta no atacado está entre 15% a 30%.
A comerciante Daniela Nakazoni compra seus produtos de produtores da região. Segundo ela, a alta dos preços são repassadas para os clientes. “O aumento foi de mais de 15% e tem coisa que a gente nem está trazendo pois está em falta. Hoje não temos rúcula, por exemplo. Mas todo ano é assim, choveu, a qualidade cai e o preço sobe”, ponderou ela.
Faltam verduras
Chicória, almeirão e couve são algumas hortaliças que estão em falta no Mercado Municipal de Sorocaba. A aposentada Clara da Conceição, 63, comenta que procurou pela chicória em diversas barracas, mas não teve êxito. “É muita água na plantação e sei que ela (chicória) não vai para frente assim”, explicou ela. Sem a verdura que buscava, a opção foi levar outra hortaliça para a salada. “Não tem almeirão também, vou ver como está a alface”, falou. Sobre a alta nos preços, ela afirma que a alternativa é ficar atento ao orçamento. “A gente controla como dá e vai comprando conforme o dinheiro deixa”, brinca.
A comerciante Tereza Ganiko, que trabalha com esses produtos há mais de 50 anos, afirma que as folhas são as que mais sofrem alta nessas épocas. “Falta muita coisa e o que tem está queimado. Fica difícil achar aquelas folhas bonitas”, comentou. A caixa do chuchu também sofreu com o clima da estação. Tereza revelou que a caixa de vinte quilos, há poucas semanas, saia entre R$ 10,00 e R$ 12,00. “Esta semana estava R$ 30,00 a caixa. Tem cliente que reclama mas tem outros que entendem e falam que já estavam até esperando.”
Chuva e sol, combinação desastrosa
O Sindicato Rural de Sorocaba e Região explica que além das chuvas fortes e constantes combinadas com o calor intenso típico do verão brasileiro são fatores que prejudicam a produção. De acordo com a entidade representativa dos produtores rurais o verão é inimigo sobretudo das verduras que expostas a esse clima têm o desenvolvimento comprometido tanto em qualidade como em quantidade.
Este mercado é baseado na lei da oferta e da procura e, segundo informações do sindicato, a situação deve conferir melhoras entre os meses de abril e maio, quando as chuvas cessam. Para atravessar este período, o conselho sindical é para que o consumidor busque locais de venda que recebam os produtos direto do produtor como feiras livres e varejões.
Fonte: Cruzeiro do Sul