Ao passo que a maioria dos produtores de hortaliças registram grandes perdas em decorrência das fortes chuvas , o produtor Maurício Shoji Kimoto, que cultiva alface em Mogi das Cruzes (SP), não tem do que reclamar.
Graças ao planejamento bem feito e ao uso de técnicas conhecidas, porém pouco aplicadas por quem planta folhosas, o produtor registrou nos últimos meses perdas pequenas em relação aos demais produtores e também em relação à essa época, em que chove muito. Ao todo, Kimoto estima que perdeu cerca de 20% daquilo que plantou, quantidade considerada normal conforme estimativas da regional da Cati de Mogi.
Não plantar em áreas baixas do terreno e próximas das várzeas dos rios foi a primeira atitude tomada pelo produtor para essa época do ano. Grande parte das perdas registradas na região, segundo aponta o agrônomo da Cati de Mogi, Felipe Almeida, se dão pelo fato de os produtores instalarem suas hortas nessas áreas.
A outra solução foi não revolver a terra dos canteiros. “No lugar disso usamos o plantio sobre uma cobertura morta”, explica Kimoto. A técnica adotada por ele é plantio direto, usado, geralmente, em lavouras anuais, como soja, milho e trigo.
Antes de fazer o plantio da cultura desejada, no caso, alface, Kimoto planta milheto. “Quando o arbusto atinge 1,20 metro de altura, nós jogamos herbicidas e deitamos a palha um uma máquina. Depois é só fazer o plantio sob a palhada, que acaba funcionando como uma proteção para o solo e evita a lixiviação, que é a perda de fertilidade do solo, nas localidades mais altas”, explica o produtor.
Kimoto admite que a técnica é mais trabalhosa e mais cara do que simplesmente revolve a terra e plantar a alface. Porém, destaca que a redução nas perdas compensa esse gasto. Almeida, da Cati, diz que a solução não é comum para na região, mas ressalta que a técnica do plantio direto é totalmente viável para qualquer nível de produtor.