Safra do Melão terá perda de até 15% no RN e no CE

09/02 
Marcelo Hollanda

As chuvas fora de época no começo do ano e o ataque da mosca branca devem provocar uma quebra entre 10% e 15% na safra de melão do Rio Grande do Norte e do Ceará, que termina em abril. A previsão foi feita na segunda-feira à TRIBUNA DO NORTE pelo presidente da Coopyfrutas, José Helinton Severo Almeida. Depois de 10 anos, uma virose cujo vetor é um pulgão também voltou a preocupar os produtores de melão dos dois estados, que já sofrem com a variação desfavorável do câmbio (a relação entre o real e o dólar) nas exportações. “Juntamente com a mosca branca, que já ataca as plantações, a possibilidade do retorno do vírus inquieta os produtores, pois uma vez instalado ele não não vai mais embora”, afirmou José Helinton, de Berlim, na Alemanha, onde participa hoje da abertura da Fruit Logística 2011.

A produção de melão e de melancia dos dois maiores produtores brasileiros, que na safra 2009/2010 foi de 250 mil toneladas, deveria repetir-se na safra atual que iniciou em agosto do ano passado e termina agora em abril.

Segundo antecipou na segunda-feira o presidente do Comitê Executivo de Fitossanidade (Coex), Francisco de Paula Segundo, a quebra na produção já é considerada certa. “Precisamos agora é focar nossos esforços em um trabalho preventivo para evitar essas ameaças”, afirmou. O presidente da Coex disse, ainda, que o setor articula novas estratégias de divulgação da fruta brasileira no mercado interno, prevendo, já que a crise de consumo da fruta brasileira na Europa – um tradicional mercado para os produtores – continua.

“Apostamos muito no mercado interno como grande fonte de recuperação nos negócios do setor”, disse Francisco de Paula Segundo. Segundo ele, o consumo per capita de frutas no Brasil é de 54 kg per capita/ano, ao passo que na Europa esse consumo ultrapassa os 200 kg/ano.

“Precisamos saber porque o brasileiro não aumenta esse consumo e por isso precisamos estimular pesquisas que nos mostrem caminhos a seguir”, acrescentou.

Outro fator que preocupa o Coex é a falta de pesquisas e estudos interpretativos sobre o comportamento do consumidor brasileiro em relação ao consumo de frutas nacionais. “É preciso haver campanhas de conscientização sobre o valor nutricional das frutas na dieta saudável”, lembrou.

Na segunda-feira, fontes do setor lembraram a perda de valor agregado da fruta quando intermediários repassam às grandes redes de supermercado um produto de má qualidade.

Segundo essas mesmas fontes, é preciso que as redes varejistas entendam que repassar produtos de qualidade é um fator importante de valorização do mercado.

Na segunda-feira, o presidente da Coex comentou que muitas ações vem sendo feitas contra a distribuição à granel de determinadas frutas, especialmente o melão, cuja falta de acondicionamento adequado contribui para que o fruto se machuque no transporte, deteriorando sua qualidade e, por conseguinte, o sabor e aspectos visuais.

“Se o consumidor brasileiro assumiu o papel de importância que antes tinha o europeu, devemos tratar muito bem esse mercado”, afirmou.

Fonte: Tribuna do Interior