Paulo César Tavares de Melo
Professor da USP-ESALQ de Piracicaba (SP)
pctmelo@esalq.usp.br
Nirlene Junqueira Vilela & Leonardo S. Boiteux
Pesquisadores da Embrapa Hortaliças de Brasília (DF)
nirlene@cnph.embrapa.br / boiteux@cnph.embrapa.br
A cadeia agroindustrial de tomate para processamento industrial no Brasil tem se mantido eficiente e competitiva. Novas tecnologias foram introduzidas e estão sendo consolidadas incluindo transplante mecanizado, colheita mecanizada e a utilização de sistemas de previsão de doenças.
A incorporação vigorosa de avanços tecnológicos tem mantido a produtividade nacional próxima a 75 t/ha. Em 2008 e 2009 a produtividade caiu para o patamar de 60-65 t/ha. No entanto, o número de lavouras atingindo níveis de produtividade acima de 120 t/ha tem aumentado.
Em 2006 a produção brasileira de tomate para processamento alcançou aproximadamente 1.160.000 toneladas em uma área de 16.000 ha. Em 2007 foram cultivados 17.656 ha com uma produção total de 1.473.321 t, e no ano seguinte 18.500 ha, com uma produção de 1.412.258 t.
Em 2009 foram cultivados no Brasil cerca de 18.400 ha, com uma produção de 1.339.200 t. A estimativa de área plantada em 2010 é de 22.400 ha, e produção aproximada de 1.680.000 t (produtividade de 75 t/ha e 4,6º Brix). A produção estimada de pasta (30º Brix) é de 247.000 t.
Consumo
O foco das empresas ainda é o mercado doméstico. Os principais produtos são os concentrados e os molhos. O Brasil apresenta, atualmente, a 8ª maior produção mundial e consome 7,8 kg de produtos processados por pessoa/ano.
A mudança no estilo de vida e o incremento de renda da população brasileira têm contribuído para o aumento do consumo de produtos processados. A valorização da moeda brasileira (R$) tem contribuído para o aumento da importação de pasta e de produtos acabados de tomate com ênfase para o produto oriundo da China.
As importações de pasta são realizadas, em grande parte, depois de ter sido processada a colheita da safra brasileira. Desta forma, a questão cambial tem sido uma ameaça permanente à cadeia agroindustrial do tomate. A partir de 1999/2000, as importações de derivados de tomate caíram consideravelmente.
Verificou-se, neste período, um incremento na produção doméstica e nas exportações, que foram favorecidas pela conjuntura econômica. Entretanto, a partir de 2004 observou-se uma reversão desta tendência na pauta de comércio internacional do Brasil. As importações em alta e exportações em baixa configuram uma situação de retenção interna de estoque com consequente retração da produção nacional, que tende a se intensificar caso persista a sobrevalorização da moeda nacional em relação ao dólar americano.
Panorama do cultivo de tomate para mesa no Brasil
No Brasil, a cultura do tomateiro para mesa ou para consumo in natura tem sido uma importante fonte de emprego e renda ao longo de toda a sua cadeia produtiva. A cultura gera por hectare/ano entre cinco e seis empregos diretos e o mesmo número de empregos indiretos.
O cultivo desta hortaliça é, normalmente, conduzido em sistema estaqueado ou tutorado, gerando uma intensa demanda por mão de obra que se inicia na fase de pré-plantio, passando pelos diversos tratos culturais, colheita e acondicionamento de frutos em caixas, carregamento, transporte e abastecimento de armazéns de classificação e embalagem.
No âmbito da cadeia produtiva, a cultura movimenta um conjunto diversificado de setores, incluindo as empresas produtoras de insumos, viveiristas, empresas de máquinas, veículos e equipamentos agrícolas, centrais de abastecimento, atacadistas, feiras-livres, redes de supermercados e varejões de hortifrutis, até atingir os consumidores finais.
Sementes
O mercado de sementes de tomate para mesa é estimado em US$ 12 milhões, representando cerca de 27% do total das sementes de hortaliças comercializadas no Brasil. O crescimento do valor de mercado nos últimos anos tem ocorrido principalmente na conversão de cultivares de polinização aberta para híbridos de alto desempenho e, consequentemente, de sementes com preços mais elevados.
Impacto na produção e adoção de novas tecnologias
O Brasil apresenta uma grande diversidade de sistemas de cultivo do tomateiro para consumo in natura, variando desde pequenos produtores de base familiar até grandes fazendas com estrutura empresarial.
A área cultivada tem variado, nos últimos anos, entre 40 e 45 mil hectares. A produção de tomate para mesa distribui-se entre as regiões Sudeste (59%), Centro-Oeste (7%), Sul (19%), Nordeste (14,7%) e Norte (0,3%). Os principais Estados produtores são Minas Gerais (20%), São Paulo (19,1%), Rio de Janeiro (9,7%), Bahia (9%), Paraná (9%), Goiás (6,3%), Santa Catarina (6%) e Rio Grande do Sul (4%).
O rendimento da cultura do tomateiro de mesa no Brasil apresentou significativo incremento desde o final da década de 1980. Foi observado um incremento no rendimento, atribuído, em boa parte, à introdução de híbridos e à adoção de novas tecnologias de produção.
O incremento de áreas de cultivo com lavouras de médio a grande porte e administradas por produtores com estrutura empresarial e com forte adoção de tecnologia também resultou em um impacto positivo na produtividade da cultura.
Introdução e utilização de híbridos “longa vida”
Uma das grandes transformações tecnológicas ocorridas no cultivo do tomateiro no Brasil foi a utilização de sementes híbridas de cultivares do tipo “longa vida”. A expressão tomates “longa vida” tem sido utilizada no Brasil para descrever mutantes (especialmente o gene rin) que conferem aos frutos uma conservação pós-colheita mais prolongada.
Atualmente, estima-se que 85% do mercado de tomate de mesa sejam dominados por híbridos do segmento “longa vida”. O sucesso dos híbridos “longa vida” abriu caminho para a utilização de híbridos em virtualmente todos os outros segmentos varietais.
Fonte: Revista Campo e Negócios